Vigilantes na oração e proclamando seus louvores!

Os textos da liturgia do Advento são marcados pela esperança no “Deus fiel”, como nos ensinou S.Paulo no 1° domingo do Advento (cf. 1Cor 1,9). O profeta Isaías nos acompanha praticamente durante todo este tempo litúrgico e nos fala do Messias prometido: Deus não se esquece do seu povo, faz-se “Emanuel”, mora com seu povo e renova sua vida; Deus o conforta em suas lutas e sofrimentos e renova todas as coisas com a sua vinda.

Os textos proféticos da primeira leitura nas Missas do Advento anunciam a promessa de Deus e os trechos do Evangelho mostram como em Jesus essas promessas divinas foram plenamente cumpridas. Promessa e realização, esta é a lógica que perpassa a liturgia da Palavra deste tempo. No salmo responsorial a Igreja já contempla a realização das obras de Deus em Jesus e se coloca na perspectiva da plenitude dessas mesmas promessas, na parusia, quando o Cristo glorificado manifestará a plenitude do reino de Deus e nos convidará a tomar parte nele.

Belas e carregadas de sentido teológico também são as orações e os prefácios da Missa de cada dia; são jóias litúrgicas, verdadeiras sínteses da teologia da esperança, da cristologia e da escatologia. Por isso, se prestam bem para boas catequeses neste tempo; vale a pena deter-se nesses textos para saboreá-los e meditá-los com fé.

O Advento é um tempo litúrgico muito breve, por isso precisa ser vivido de maneira intensa. Infelizmente, fica sufocado e quase desaparece com a antecipação comercializada do Natal. Tudo já está a falar de Natal e por toda parte se vêem enfeites natalinos e até presépios, montados antes mesmo de iniciar o Advento! O consumismo tomou conta do Natal e Papai Noel é o garoto-propaganda e a referência principal desse Natal do consumismo. Muitas crianças e adolescentes já nem sabem mais que o Natal comemora o nascimento do menino Jesus, pois só ouvem falar que é a festa de Papai Noel! É uma pena e uma grande perda cultural que um fato e um valor do cristianismo acabem banalizados assim, deixados de lado e esquecidos. Nós, cristãos, vamos deixar tudo por isso mesmo, ou podemos fazer algo?

A Igreja nos estimula para a celebração do Natal cristão e propõe-nos que o  Advento seja um tempo de intensa preparação para o Natal, através da oração mais intensa, da leitura e acolhida mais freqüente da Palavra de Deus e das ações de caridade e solidariedade social. As leituras propostas pela Liturgia de cada dia durante o Advento são um roteiro estimulante para a acolhida da Palavra de Deus neste tempo; a oração, especialmente a participação freqüente da Missa, torna-nos mais sensíveis aos apelos de Deus e alimenta nossa esperança nele. As novenas de Natal em família são uma prática excelente de oração e acolhida da Palavra de Deus feita com a vizinhança. A confissão sacramental não deve ser deixada de lado, antes do Natal.

Mas desejo também lançar um apelo, quase como um desafio, a todas as famílias da Arquidiocese: montar um presépio em cada casa! De fato, o presépio nos dá a imagem do Natal cristão, onde estão no centro o menino  Jesus, Maria, José e fazem parte os pastores e os reis magos. Não é difícil e pode ser feito pouco a pouco, envolvendo as crianças, se houver; será sempre uma experiência marcante para a família. E, na noite do Natal, não deixar de rezar junto do presépio e de ler o relato no nascimento de Jesus no evangelho de São Lucas (2,1-14) ou o prólogo do evangelho de S.João (Jo 1, 1-18). Se isso virar um costume, estaremos recuperando o sentido cristão do Natal!

O Advento e o Natal também são marcados por muitas ações de solidariedade para com o próximo, especialmente os pobres e os doentes. Isso está plenamente de acordo com o sentido cristão do Natal. O Filho de Deus vindo ao mundo é um grande presente de Deus para nós e sentimos imensa alegria e gratidão; por isso queremos repartir essa alegria também com os outros; o presentinho de Natal pode ter esse sentido. Mas também toda a partilha com os pobres e sofredores.

A coleta para a evangelização, promovida pela Igreja no Brasil no 3° domingo do Advento, dia 14 de dezembro, tem relação direta com isso: nós, que já conhecemos a “Boa Notícia” da salvação de Deus, queremos apoiar o trabalho evangelizador da Igreja para que também outros cheguem a Jesus e conheçam o amor salvador do nosso Deus!

01/12/2008