No próximo dia 25 de janeiro, dia da Conversão de São Paulo, estaremos celebrando pela primeira vez a festa do Patrono de nossa Arquidiocese: o apóstolo São Paulo. Teremos a Missa solene na Catedral às 10h00, presidida pelo Ex.mo Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico no Brasil, e contaremos também com a participação dos bispos da província eclesiástica de São Paulo. Já é tradicional que também as autoridades locais participem, uma vez que também se festeja o aniversário da fundação da cidade neste dia.
No encerramento das comemorações do centenário da Arquidiocese, dia 8 de junho de 2008, o Apóstolo foi solenemente anunciado e aclamado Patrono, junto de Deus, desta Igreja metropolitana que leva seu nome. A Santa Sé já havia acolhido o pedido da Arquidiocese nesse sentido, instituindo o novo título patronal com um Decreto do Cardeal Francisco Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 22 de novembro de 2007.
Não poderia ser mais apropriado, tratando-se do Ano Paulino e da comemoração dos 2 mil anos do nascimento do Apóstolo São Paulo. Nossa Arquidiocese é a mais importante do mundo com o nome do grande Apóstolo; não poderíamos, pois, deixar de comemorar devidamente esse jubileu bimilenário! No entanto, não queremos restringir-nos a alguns atos celebrativos que ficarão, depois, para as efemérides da história. Ter São Paulo como Patrono deve significar, mais do que nunca, que esta comunidade eclesial contará com este grande “discípulo e missionário de Jesus Cristo” como intercessor, inspirador e estímulo na sua ação pastoral; ele é modelo de fidelidade e dedicação a Cristo e ao Evangelho, amigo, companheiro e intercessor de todas as horas para nós.
Nossa Igreja paulistana deixe-se contagiar mais e mais por São Paulo, adquirindo um jeito paulino de ser e de agir. Penso, sobretudo, na conversão sem reservas de Paulo a Cristo, não apenas com uma adesão intelectual mas, ainda mais, com uma adesão pessoal ao “Senhor Jesus”, a ponto de poder dizer: “o meu viver é Cristo!” Penso na sua dedicação incansável à missão e ao anúncio do Evangelho aos povos, enfrentando dificuldades sem conta e o próprio martírio: “contanto que Jesus Cristo seja conhecido!” Penso ainda no seu amor à Igreja, a comunidade dos discípulos de Cristo, que ele amou com zelo de pai e conduziu com a lucidez do pedagogo e protetor.
Ter São Paulo como Patrono deverá ajudar nossa Igreja paulistana a viver uma forte identidade missionária – “ai de mim, se eu não evangelizar!” -, capaz de proclamar o Evangelho nos novos areópagos da Metrópole, de entrar em diálogo com a realidade cosmopolita desta Capital e com a sua complexidade social, religiosa, cultural e econômica, sem medo de ocuparmos nosso espaço e de oferecermos nossa contribuição “para que, em Cristo, nossos povos tenham vida”. Com São Paulo, queremos ser sinal claro de que “Deus habita esta cidade imensa e tem amor pelo seu povo”…
Ser uma “Igreja paulina” deverá levar-nos a sermos sempre mais uma comunidade eclesial unida e harmônica, como um corpo perfeitamente sintonizado e coordenado pela sua cabeça, “que é Cristo”; um corpo cheio de vitalidade e dinamismo, com muitos órgãos e membros diversos, contribuindo com suas capacidades e carismas para a realização da missão desta Igreja particular. Uma Igreja que assume o “cuidado dos pobres”, como fez Paulo, solidária com todos os caídos ao longo das ruas e praças desta cidade, dos que vivem nos cortiços e com o povo das imensas periferias.
Ó São Paulo, Patrono de nossa Arquidiocese, fulminado pela luz do Evangelho e marcado para sempre pela palavra do teu Senhor Crucificado e Ressuscitado, ajuda-nos a realizarmos, também nós, a conversão pastoral tão necessária! Intercede por nós e dá-nos coragem e perseverança para colocarmos em prática as orientações do 10º Plano de Pastoral! Ensina-nos a acolher a Palavra de Deus e a responder “sim” aos apelos de Deus, que nos chegam na voz do tempo e das circunstâncias atuais. Intercede por nós e pela Igreja de São Paulo, ó Santo Apóstolo de Jesus Cristo!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 20/01/08