Estamos em pleno “mês das missões”; todos os anos, o mês de outubro é, na Igreja inteira, dedicado à reflexão sobre a natureza e a face missionária da Igreja de Jesus Cristo. Ela nasceu para a missão, para ir para o meio dos povos, culturas e sociedades, para levar a Boa Nova do reino de Deus, já presente no meio de nós, mas ainda por manifestar-se plenamente no futuro de Deus.
A Igreja, comunidade de discípulos missionários de Jesus Cristo, cumpre sua missão de muitos modos: pelo anúncio da Palavra de Deus, pelo serviço de amor prestado ao próximo e à humanidade, em coerência com seu anúncio, pelo diálogo com povos, culturas e religiões, e pelo testemunho de vida santa, expressão da sua fé, esperança e caridade. Ou a Igreja é missionária, ou deixa de ser o que Jesus quis que ela fosse.
Nossa Arquidiocese expressa este propósito e meta no seu 10º Plano de Pastoral: “Ser discípulos missionários de Jesus Cristo na cidade de São Paulo”. É aqui, neste imenso, complexo, desafiador e fascinante mundo urbano que fomos enviados para ser discípulos missionários e precisamos encontrar as maneiras de expressar isso da melhor forma. A Igreja em São Paulo e esta própria cidade nasceram de um trabalho missionário de jesuítas, vindos de longe para cá. Entre eles, houve homens sábios e santos, como os padres Nóbrega e Anchieta. E temos o apóstolo São Paulo como patrono, um grande discípulo missionário! Tudo isso engrandece esta Igreja e nos alegra; mas também nos compromete a imitar o exemplo desses e de tantos outros, que edificaram, antes de nós, esta Igreja; devemos continuar a fazer o que eles fizeram, num contexto muito diverso do deles.
Para marcar o mês missionário, no dia 9, foi realizado um encontro, no Colégio Arquidiocesano, com Congregações e Institutos de Vida Religiosa Consagrada, que têm especificamente o carisma missionário “ad gentes”, ou seja, “para os povos”. São muito numerosos em nossa cidade e um bom número de comunidades fez-se representar no encontro. Há também muitas casas religiosas e conventos, centros de formação e estudos, serviços e obras diversas; padres religiosos missionários também desempenham serviços paroquiais. Nossa Arquidiocese agradece a longa e numerosa presença e atuação dos religiosos missionários e os encoraja a continuarem a viver seu carisma e a compartilharem com largueza com esta Igreja Particular os dons que receberam do Espírito Santo.
Ao mesmo tempo, convida-os a contagiarem esta Igreja particular com o carisma missionário que os anima. A presença de tantos missionários precisa frutificar em ampla e profunda “fermentação missionária” na Arquidiocese. Normalmente, há sempre leigos relacionados com as comunidades religiosas; que também eles sejam envolvidos, na medida do possível, pelo carisma missionário das Comunidades de Vida Consagrada. Isso seria um imenso bem e uma contribuição missionária inestimável para a Igreja e não deixaria de reverter no reflorescimento vocacional para as próprias Comunidades religiosas. No domingo, 10, foi aberta na Catedral da Sé, uma “Mostra Missionária”, expondo algo sobre diversos institutos e iniciativas missionárias da Igreja, tornando mais perceptível a dimensão missionária “ad gentes” da Igreja. Enquantotamisso, estamos nos preparando para o Domingo das Missões, 24 de outubro; é a Jornada Missionária Mundial, que foi pensada para ser um verdadeiro “mutirão missionário”, não propriamente para fazer a missão acontecer num único dia, mas para a tomada de consciência, a divulgação do trabalho missionário da Igreja, a oração e a promoção de iniciativas de apoio aos missionários, como a coleta para as missões. Seria necessário dar uma nova conotação a esse “mutirão missionário”. Também isso faz parte da conversão pastoral e missionária, de que precisa tanto nossa Igreja. É necessário que todos os batizados sintam que a obra missionária é de todos e depende de cada um.
O papa Bento 16 enviou a toda a Igreja uma bela mensagem para o Dia Mundial das Missões, já disponível na internet. O tema – “A construção da comunhão eclesial é a chave da missão”, retrata uma preocupação antiga e sempre atual: A união dos fiéis em Cristo (como os ramos na videira) e na comunhão da Igreja (como as ovelhas no mesmo rebanho do Bom Pastor) é necessária para a eficácia da missão. Da mesma forma, é fundamental a união nas nossas comunidades eclesiais para que possamos desempenhar bem nossa vocação de discípulos missionários e dar um testemunho coerente e eficaz do Evangelho no mundo. A Igreja tem a missão de ser, no mundo, um sinal e uma amostra perceptível da unidade de toda a família humana, conforme ensina o Concílio sobre a Igreja (Lumen Gentium, 1). Temos muito para fazer!
No Domingo das Missões, às 15h, teremos a missa especial na Catedral da Sé, com a presença das congregações, institutos e organizações missionárias; para esta missa também todo o povo está convidado. Que apareça sempre mais o rosto missionário de nossa Igreja!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 12.10.2010