Quando virá, Senhor, o dia?!

Com a solenidade de Cristo, na conclusão de mais um ano litúrgico, ouvimos o convite para olharmos para a frente, para o futuro. Para onde vai nossa vida? Para onde caminha este mundo? Para muitos, talvez, o futuro será o caos, a morte e a grande frustração de todos os anseios humanos. Não assim, para os cristãos! Cremos na vida eterna, no desígnio bom de Deus e na plenitude do seu reino! Estamos a caminho do grande encontro com Jesus Cristo glorificado, Senhor supremo da história deste mundo e também de nossa vida pessoal. Fomos chamados à existência para participar da obra de Deus e para acolher o seu desígnio de amor sobre nossa vida e sobre este mundo. Esta é nossa grande chance de praticarmos a obra boa e de valorizarmos nossa existência. E quem assim faz, constrói a existência sobre bases firmes; quem se opõe ao reino de Deus, edifica sobre bases inconsistentes e desperdiça a vida. A solenidade de Cristo Rei lembrou-nos que todos deveremos prestar contas a Deus sobre nossas escolhas livres e pessoais nesta vida. Sobretudo, seremos perguntados se acolhemos e amamos o próximo como se fosse o próprio Filho de Deus; sim, porque cada ser humano traz em si a imagem do Filho de Deus e, por isso, sua dignidade deve ser reconhecida e valorizada. No julgamento final, o “Filho do Homem”, Jesus Cristo glorificado, nos dirá que essa dignidade não foi anulada nem mesmo nos “mais pequeninos”, nos quais é costume ver pouca dignidade e em cujo rosto aparece mais a face sofredora do Filho do Homem: os pobres, doentes, prisioneiros e tantos outros… Oxalá, todos possamos ouvir um dia esse belo convite: “vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino preparado para vós por meu Pai desde sempre!” Feliz de quem tiver acolhido e amado o próximo, como deve ser acolhido e amado o próprio Deus! Não haverá por que se surpreender, pois Jesus já o disse e ensinou, todos podem sabê-lo desde agora (cf Mt 25). Amar a Deus, amando o próximo, é da lei do reino de Deus e isso deveria penetrar todas as estruturas dos  reinos na terra e da vida pessoal de cada ser humano. Tão simples e tão difícil, ao mesmo tempo: o coração humano tende a seguir outra lei, a do egoísmo e da auto- firmação a todo custo, mesmo desprezando a dignidade do próximo.. No início do Advento ouvimos novamente o chamado à vigilância: não devemos viver distraídos com mil coisas, sem dar atenção ao principal em nossa vida, ou seja, a busca constante e incansável do reino de Deus. O “dia do Senhor” será para nós um grande dia, no qual teremos a graça de comparecer perante o “Filho do Homem”, Cristo, Rei e Senhor. Nossa vida é breve e passa num instante; ninguém sabe “quando será o dia e a hora” do nosso encontro definitivo com Deus; a perspectiva desse dia não deve assustar ninguém, mas devemos até mesmo ansiar por ele. O que importa, é não viver distraídos, como se a vida não tivesse rumo nem responsabilidade; se cumprirmos bem cada dia nossa missão e nossa parte no desígnio de Deus, estaremos sempre prontos para ir ao encontro do Senhor, quando ele vier. O tempo litúrgico do Advento os convida a contemplar o mistério  das duas vindas do Filho de Deus: a primeira, já acontecida, manifestou-nos na humildade, revestido de nossa fragilidade humana, a ternura e o amor misericordioso de Deus e seu reino, convidando-nos a aderir a esse reino. Celebramos a primeira vinda no mistério da encarnação e no santo Natal. A segunda vinda ainda acontecerá; para ela devemos preparar-nos cada dia com “operosa vigilância”, conforme a bela expressão da Liturgia. O Advento, portanto, nos faz olhar para o futuro de Deus, do qual também nós fazemos parte. Desejo recordar que em todo o Brasil, desde o domingo de Cristo Rei, estamos em Campanha para a Evangelização, até o 3º domingo do Advento. Todos nós somos obreiros e missionários do reino de Deus. Para manifestar isso de maneira concreta, também somos convidados a apoiar generosamente o trabalho evangelizador da Igreja com nossa ajuda material; por isso será feita a coleta para a evangelização em todas as igrejas e todas as celebrações no 3º domingo do Advento,14 de dezembro. Cada um colabore de bom coração, como sinal de gratidão pelo dom da fé  cristã. Com o fruto dessa coleta, as dioceses e a própria CNBB podem promover muitas iniciativas de evangelização.

25/10/2008