1) Quais são as grandes orientações do Sínodo que devem vir com os bispos delegados da CNBB para as dioceses brasileiras?
R. O Sínodo foi muito rico de reflexões e essas retratam a Igreja no mundo inteiro e também falam para as realidades da Igreja no mundo inteiro. As questões levantadas pelo Sínodo foi aparecendo ao longo da assembléia sinodal e, no final, foi emitida uma bela Mensagem, que já está acessível a todos. Nós, brasileiros, assim como os demais participantes, pudemos sentir que a Igreja toda quer dar maior atenção à Palavra de Deus, de muitas formas; e isso é iluminador! Mas devemos esperar ainda que o Papa publique a Exortação Apostólica pós-Sinodal, que será o verdadeiro Documento deste Sínodo.
2) Como fazer, em São Paulo, que as pastorais se ‘inflamem’ pela Palavra, a partir das motivações do Sínodo?
R. É certo que não é algo novo, pois tentamos fazer isso mesmo também até agora. A própria Conferencia de Aparecida já está toda centrada na Palavra de Deus. Mas devemos aprofundar a questão, assumindo uma nova atitude na nossa relação pessoal e eclesial em relação à Palavra de Deus. O Papa disse uma palavra iluminadora durante o Sínodo: “a Palavra de Deus cresce na medida em que a acolhemos juntos e a compartilhamos entre nós”. E também convidou toda a Igreja a se colocar “sob a Palavra de Deus”. Disso faz parte: ter a Bíblia, ler a Bíblia, rezar com ela, acolher com fé religiosa a Palavra de Deus que ela nos comunica, viver essa Palavra, produzindo frutos de fé, esperança e caridade.
3) De que maneira o Ano Paulino influenciou nos debates do Sínodo?
R. A Sínodo foi aberto na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde se venera o túmulo do Apóstolo. Isso já foi muito significativo e o Papa convidou o Sínodo a colocar-se diante da Palavra de Deus como Paulo. Ao longo do Sínodo, esse pensamento foi retomado várias vezes. De fato, o Ano Paulino deve ajudar a Igreja a tornar-se mais discípula e missionária de Jesus Cristo, como Paulo, colocando-se ao serviço da Palavra da Salvação.
4) Qual é a grande mensagem que o papa transmitiu aos bispos reunidos no Sìnodo? o senhor teve alguma conversa reservado com o papa sobre a Arquidiocese ou o Brasil? Se sim, pode contar como foi?
R. O Papa, antes de tudo, foi o grande ouvinte do Sínodo; falou muito pouco, pois o Sínodo é um organismo que o Papa chama para escutar e para que o ajude a discernir sobre questões que interessam a Igreja toda. Mas a Mensagem do Papa foi incisiva, no sentido de amar a Palavra de Deus, de compartilhá-la com todos, de acolhê-la com a fé da Igreja e, por isso, também interpretá-la corretamente, a partir da fé da Igreja, e não apenas como um texto qualquer. A mensagem do papa apareceu muito bela na homilia da Missa de conclusão do Sínodo, no domingo, dia 26 de outubro. Vale a pena ler essa homilia. Estive perto do Papa em várias ocasiões, durante o Sínodo, uma vez que eu estive na presidência dessa Assembléia Sinodal. Mas não era o momento de tratar de questões de São Paulo. O Santo Padre, de toda maneira, sempre recorda São Paulo e pediu para transmitir a sua saudação e sua bênção.
5) O senhor, como pastor da maior Igreja particular brasileira, espera quais frutos do Sínodo na realidade da sua Arquidiocese?
R. Espero que a Bíblia seja amplamente difundida, entre em todos os lares, seja proclamada com fé e com dignidade nas celebrações litúrgicas, ilumine o caminho das comunidades cristãs, ajude a sociedade a viver com justiça, solidariedade e paz. Concretamente, espero que toda a pastoral de nossa Igreja paulistana possa ser profundamente orientada pela Palavra de Deus.
6) Outra coisa, quando deve sair a Exortação Pós-Sinodal? Há um período certo, ou o papa é livre para publicá-la quando quiser?
R. A Exortação Apostólica Pós-Sinodal, normalmente, é publicada no período de um ano após o Sínodo. Esperamos que também desta vez seja assim. A sua elaboração requer um tempo um pouco longo e o Papa conta, para a sua elaboração, também com a colaboração do Conselho Permanente do Sínodo.
Roma 20/10/08