Celebrando o mês das vocações, neste Domingo, recordamos a vocação à Vida Consagrada Religiosa e para as novas formas de consagração da vida a Deus, na Igreja. As muitas formas de Vida Consagrada são uma riqueza e expressam, de diversos modos, a dinâmica da vida segundo o Evangelho, que se renova sempre. Os consagrados e consagradas no carisma da Vida Religiosa ajudam muito a Igreja a dar o testemunho do Evangelho no mundo e a cumprir a sua missão evangelizadora.
Hoje olhamos para Maria, elevada ao céu em corpo e alma. Essa é uma verdade de fé muito bonita e cheia de esperança. Ao anunciar que Deus já elevou a Mãe de Jesus ao céu em corpo e alma, a Igreja se alegra e agradece porque Maria está bem perto de Deus, como mãe e intercessora por todos os “irmãos de Jesus”. O que ela mais deseja e pede a Deus é que todos nós, que também somos seus filhos, estejamos um dia com ela no céu, alegrando-nos na vida feliz e contemplando a face de Deus.
Neste Ano Jubilar, recordamos que Maria elevada ao céu é para todos nós um sinal de esperança segura: o que Deus realizou nela, é uma promessa firme de que também o realizará por nós, se formos fiéis a Deus como ela foi. Ela é a “mãe dos peregrinos”, que ainda caminham neste mundo rumo à casa do Pai na Jerusalém celeste. Ela é a “mãe da esperança” segura, que não desilude e enche de alegria, mesmo a quem ainda vive entre as lutas, tristezas e sofrimentos deste mundo.
Desejo lembrar aqui algumas das belas palavras que o Concílio Vaticano II dedicou a Maria no final do Documento Lumen Gentium, sobre a Igreja: “A Mãe de Jesus, tal como está nos céus já glorificada em corpo e alma, é a imagem e o começo da Igreja como deverá ser consumada no tempo futuro. Assim também brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e do conforto para o povo de Deus em peregrinação, até que chegue o dia do Senhor” (cf. 2Pd 3,10).
E o Concílio recomenda: todos os fiéis cristãos supliquem à Mãe de Deus e Mãe dos homens “para que ela, que com suas preces assistiu às primícias da Igreja, também agora, exaltada no céu sobre todos os bem-aventurados e anjos, na comunhão de todos os Santos, interceda junto a seu Filho até que todas as famílias dos povos (…) sejam felizmente congregadas na paz da Santíssima e Indivisa Trindade” (LG 68).
Os consagrados e consagradas na Vida Religiosa e nas novas formas de Vida Religiosa inspiram-se muito na fé de Maria e também na promessa que ela representa para todo cristão. Também eles são, ainda neste mundo, “grandes sinais” do mundo futuro e da vida futura que já chegou a nós, mas que se tornará plena na “casa do Pai”, na vida eterna. Rezemos pelas vocações à Vida Consagrada na Igreja.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Publicado originalmente no folheto litúrgico Povo de Deus em São Paulo de 17 de agosto de 2025