A alegria é uma das características do período de Natal; e deveria ser também a característica da vida dos cristãos, ao longo de toda a vida! O profeta Isaías, na primeira leitura do 3º domingo do Advento, manifestava sua alegria por ter sido ungido pelo Espírito de Deus como mensageiro da boa notícia da salvação aos humildes, aos prisioneiros, aos corações feridos e a todos aqueles que precisam de justiça: “Exulto de alegria no meu Senhor e minha alma regozija-se em meu Deus!” (Is 61,10). Com palavras semelhantes, também a Virgem Mãe “exultou em Deus” e manifestou sua alegria porque Deus olhou para ela e fez “grandes coisas” por meio dela (Lc 1, 46s). São João Batista, perguntado se ele era o Messias, não duvidou nenhum instante e afirmou: não sou. Mas anunciou: aquele que viria depois de mim estará cheio do Espírito de Deus. “Eu sou apenas a voz que grita no deserto: preparai os caminhos do Senhor!” (Jo 1,23s). Mais tarde, já na prisão, João Batista ouve falar da pregação e das obras de Jesus e fica feliz: “Agora minha alegria está completa; importa que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,29-30). A alegria está relacionada com a salvação da humanidade manifestadapor meio de Jesus. Mas é, sobretudo, São Paulo quem nos convida à alegria. Entre as várias recomendações aos tessalonicenses, está um convite à alegria constante: “Estai sempre alegres!” (1Ts 5,16). Aliás, é notório quantas vezes o tema da legria aparece nos textos paulinos! Ele trazia sempre no coração uma intensa alegria, mesmo no meio das numerosas tribulações pelas quais passava. O convite mais insistente à alegria é feito aos filipenses, que ele recorda com saudades e chama, afetuosamente: “Minha alegria, minha coroa” (Fl 4,1): “Alegraivos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (4,4). E logo dá o motivo para tanta alegria: “O Senhor está próximo” (4,5). Não faltaram motivos e incitações à alegria na liturgia do Advento; na oração do 3º domingo pedimos a graça de “chegar às alegrias da salvação e de celebrálas sempre com intenso júbilo na solene liturgia”. E no 2º prefácio do Advento a Igreja proclamava, com reconhecimento: “É o próprio Senhor que nos dá a alegria de entrarmos agora no mistério do seu Natal”. É isso mesmo que o anjo proclama na noite de Belém aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também alegria para todo o povo! Hoje nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 1,10s). A alegria que vem do encontro com Cristo; antes de tudo, porque é ele mesmo quem nos traz essa alegria, que a humanidade procura avidamente e, muitas vezes, não encontra; ou é enganada por promessas de falsas alegrias, levada a procurar gotas de alegria em vícios degradantes da dignidade humana… Na Conferência de Aparecida, a Igreja manifestou seu propósito de levar nossa alegria, por termos conhecido Jesus Cristo, Filho de Deus, também a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades da vida: “Desejamos que a alegria da Boa Nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo, vencedor do pecado e da morte, chegue a todos os que jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão” (DAp, 29). E o documento continua explicando que essa alegria dos cristãos, discípulos de Cristo, será um remédio para o mundo atemorizado diante do futuro e marcado pela violência e pelo ódio. “A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que deixa o coração sereno e o capacita a anunciar a Boa Nova do amor de Deus. Conhecer Jesus é o melhor presente que alguém pode receber; tê-lo encontrado, foi o melhor que aconteceu em nossas vidas e, torná-lo conhecido, com nossas palavras e obras, é nossa alegria” (cf. n.29). É a alegria dos missionários! O papa Bento 16 fala com freqüência da alegria de sermos cristãos. Temos muitos motivos de alegria sincera, profunda e serena. E não será preciso estressar-se tanto, correndo atrás de mil coisas que parecem trazer alegria…, mas que são apenas “coisas”, que não podem encher nosso coração… A “grande alegria” vem do Menino, nascido em Belém! Vamos compartilhar nossa alegria com os outros no Natal?! Como fizeram os pastores na noite de Belém (Lc 2,17s).