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"Deus habita esta Cidade. Somos suas testemunhas"

Eles buscaram a face de Deus

O Salmo da Missa de hoje traz este belo refrão: “eis a geração dos que buscam vossa face, ó Senhor!”. Os santos no céu são essa geração, que já se alegra com a visão da face de Deus. Eles gozam da “visão beatífica” e se saciam da glória de Deus em sua presença. Esse também é o objetivo final de nossa vida: encontrar Deus, contemplar sua glória, alegrar-nos em sua presença. Os Santos já alcançaram esse objetivo e são felizes.

A solenidade de Todos os Santos nos leva a refletir sobre o futuro de nossa existência e sobre a maneira de buscar esse objetivo supremo, que dá sentido à vida. A palavra de Deus nos recomenda que devemos ser santos, pois esta é a nossa vocação. No Batismo e na Crisma recebemos o Espírito Santo, que nos ajuda a sermos santos. Jesus ensina o caminho da santidade mediante seu próprio exemplo e mediante a vivência das bem-aventuranças, que são caminhos seguros para alcançar a santidade.

São João, no Evangelho e nas suas Cartas, ensina que a santidade é viver como filhos e filhas de Deus. Para isso, recebemos o Espírito Santo, que nos capacita a sermos filhos de Deus e a vivermos em conformidade com a paternidade divina, comportando-nos como filhos muito amados. A santidade, nesse caso, se expressa na vivência do amor a Deus e ao próximo. E, pelo amor, estamos em comunhão com Deus e participamos de sua vida, pois Deus é amor. Os santos viveram a caridade de maneira extraordinária.

Para contemplar a face de Deus, é preciso ser santos. Mas não devemos pensar que apenas nos santos canonizados pela Igreja. Há muitos outros santos, cujos nomes não conhecemos e que estão na glória de Deus. A Igreja proclama santos a alguns cristãos, que viveram e morreram de maneira exemplar, quer testemunhando a sua fé de maneira heroica no martírio, quer praticando a caridade e o serviço ao próximo de maneira extraordinária; quer ainda, pelo testemunho da vida íntegra e virtuosa e dos serviços prestados à missão da Igreja ou no pastoreio do rebanho do Senhor.

Os santos do céu são o povo dos redimidos. Eles já estão na glória de Deus e são a Igreja celeste, da qual também nós queremos fazer parte um dia. São os membros exemplares da Igreja, os grandes cristãos e católicos. Talvez devêssemos dizer isso de maneira diferente: nós é que temos a graça de pertencer à Igreja deles, pois eles representam a Igreja mais autêntica e fiel ao Evangelho, que já alcançou a meta de seu peregrinar: o céu, a vida eterna, a companhia de Deus. Nós ainda peregrinamos neste mundo, lutando e nos esforçando para corresponder à vontade de Deus, a fim de sermos, um dia, considerados dignos de ser associados à Igreja celeste, à “Jerusalém do alto, nossa mãe”.

Hoje voltamos nosso olhar para essa “multidão imensa, vestida de branco, que ninguém pode contar”, com palmas de vitória na mão, a cantar os louvores de Deus. Do fundo do coração, devemos sentir-nos atraídos por eles, com a esperança de também participar dessa multidão feliz. Os santos e santas do céu, nossos irmãos maiores, nos precederam na fé e na missão de testemunhas de Jesus e nos são propostos como exemplos, estímulo, companheiros no caminho e intercessores junto de Deus. Que eles nos ajudem a buscarmos sempre a face de Deus e a contemplá-lo, um dia, na companhia deles.

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

Publicado originalmente no Folheto Litúrgico POVO DE DEUS EM SÃO PAULO em 07/11/2021