Iniciamos o tempo litúrgico do Advento, marcado pela alegria e a esperança. Preparamo-nos para celebrar com fé, alegria e esperança o Natal de Jesus e nos dispomos a acolher com renovadas disposições esse imenso presente que Deus Pai deu ao mundo: seu próprio Filho, para ser nosso irmão, partilhar a nossa história e levar-nos ao encontro com o Pai.
O Advento também nos lembra que ainda hoje seguimos vivendo “em estado de advento”, na espera confiante da realização das promessas de Deus, que ainda não se realizaram plenamente nesta vida e neste mundo. Jesus fez importantes e belas “promessas de futuro”, que ainda devem ser cumpridas “no dia de Deus”. Os textos do Advento referem-se com frequência ao futuro das promessas de Deus e da nossa esperança e nos recordam as atitudes que nos convém para sermos dignos dessas promessas de Deus.
A Liturgia deste 1º Domingo do Advento, nas palavras do profeta Isaías, fala de um futuro feliz de paz e justiça, de reconciliação, de superação das violências e das guerras, e convida todo povo a “caminhar na luz do Senhor” (cf Is 2,1-5). Caminhar ao encontro do Senhor, não se distrair nem se perder pelos caminhos da vida, são atitudes fundamentais na nossa vida. São Paulo, na Carta aos Romanos, lembra que a vida passa, que é tempo de acordar e tomar consciência sobre a brevidade da vida, de deixar de lado tudo o que possa nos atrapalhar no nosso caminho para Deus (cf Rm 13, 11-14).
Jesus, no Evangelho de hoje, pede que sejamos vigilantes, e não distraídos, pois Deus pode nos chamar a qualquer momento. Ninguém sabe o dia, nem a hora. Sabemos todos que é assim mesmo. Por isso, Jesus recomenda que estejamos sempre preparados para ir ao encontro do Senhor na hora em que ele vier.
Essas reflexões não nos devem assustar, mas despertar e converter. Não é bom levar a vida de maneira distraída e leviana. Conscientes do que nos espera, podemos viver de maneira serena e confiante, mas também responsável, valorizando o precioso tempo que nos é dado para viver. O Advento chama à conversão e à renovação da vida, para nos voltarmos para Deus de todo o coração.
Estamos para concluir o Ano Jubilar de 2025, ano da esperança. Antes que termine, perguntemo-nos, se ele deixou alguma marca em nossa vida? Fizemos a nossa peregrinação jubilar? Crescemos na virtude da esperança, que é tão fundamental para a vida cristã? Que o Advento nos ajude a aprofundarmos nossa esperança e confiança em Deus. O Papa Francisco, ao anunciar o Ano Jubilar, também pediu que nós, cristãos, manifestássemos ao mundo o testemunho de nossa firme esperança nas promessas de Deus e que ajudemos as outras pessoas a também terem esperança. Que sinais concretos de esperança ainda podemos dar aos outros durante este tempo do Advento? Certamente, a oração mais intensa, a atenção caridosa a cada pessoa, especialmente a quem sofre, podem ser esses sinais de esperança. E não deixar de visibilizar em nossos lares algum sinal da celebração do Advento.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Publicado no Folheto Litúrgico Povo de Deus em São Paulo no dia 30 de novembro de 2025
