Os outros nove onde estão? - Cônego Celso Pedro da Silva

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09/10/2016 - 00:15

Lc 17,11-19

Andando pelos caminhos da Terra Santa e entrando num povoado, Jesus se encontrou com dez leprosos. De fato, eles foram ao encontro de Jesus. Pararam à distância, como era previsto na Lei, e gritaram, “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. O isolamento por certos tipos de doença às vezes se faz necessário. A Lei de Moisés protegia o povo e, nos casos de enfermidades, as contaminações podiam ser fatais. No entanto, quando se dá uma conotação religiosa a coisas naturais, corre-se o risco de distorcer o que é de fato a vontade de Deus. Tradições e preceitos se sobrepõem à vontade de Deus em detrimento do ser humano. Os leprosos eram religiosamente “impuros” e também por isso o contato com eles devia ser evitado. Jesus, sempre cumprindo a Lei, manda que os dez se apresentem aos sacerdotes. Ora, o leproso devia se apresentar ao sacerdote quando estivesse curado e aqueles homens continuavam enfermos. Mas eles foram, e enquanto caminhavam ficaram curados. Caminhando se faz caminho. Porque foram, ficaram curados. Se não tivessem ido, certamente nada teria acontecido. Arriscaram-se a ir porque aceitaram a ordem de Jesus e ninguém se arrisca por alguma coisa na qual não acredita. Acreditaram e foram curados. Foram “limpados” diz o texto, em referência ao aspecto exterior da lepra.

A fé os curou. É preciso agora que ela os salve. Jesus os manda aos sacerdotes, mas espera que voltem a ele para agradecer, sendo a gratidão uma flor que brota da fé. Por que os envia numa direção se os quer em outra? “É necessário desandar o andado, desfazer o feito e desviver o vivido” diz Vieira pregando sobre o caminho dos discípulos de Emaús. É o que acontece aqui. Um dos curados, um estrangeiro samaritano, desfaz o que tinha andado e pelos mesmos passos volta depressa a Jesus. É a hora da gratidão, o tempo de dar glória a Deus. A fé que o tinha curado, agora o salva.

Pedir, podemos; e agradecer, devemos. Aquele sírio, chamado Naamã, homem importante no governo de seu país, foi curado da lepra pela intercessão do santo profeta Eliseu. Com quanta gratidão quis ele dar um presente a Eliseu. Levou consigo terra de Israel para com ela glorificar a Deus que o tinha curado. Eliseu, profeta livre e desprendido não aceitou nenhum presente. Não usou a graça de Deus em proveito próprio nem disfarçou de misericórdia algum interesse pessoal. Por isso, cantemos com o salmista um canto novo, e com Paulo suportemos tudo pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, e sejamos agradecidos.