Ritos Iniciais: Ato Penitencial

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28/02/2014 - 00:00

O Ato Penitencial da Missa, presente também nas Celebrações da Palavra, quer ajudar a assembleia reunida a (a) louvar o Deus Santo e Misericordioso (Lc 5,8; Is 6,1-7); a (b) abrir-se à conversão pessoal e comunitária (Mc 1,15; Mt 5,24); a (c) reconhecer-se pecadora e necessitada de purificação (Lc 18,9-14) e, com os outros ritos iniciais, a (d) preparar-se para “ouvir a Palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia”.

O Missal Romano apresenta três maneiras ou formas de realizar o Ato Penitencial:

– o Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, por minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, nosso Senhor;

– os versículos responsoriais, conforme o Salmo 84,8: Tende compaixão de nós, Senhor – Porque somos pecadores. Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia – E dai-nos a vossa salvação;

– as aclamações a Cristo, seguidas do: Senhor, tende piedade de nós…; essas aclamações a Cristo podem variar, seguindo o ritmo do tempo litúrgico[1], como por exemplo, essas propostas para a Quaresma: (1) Senhorque nos mandastes perdoar-nos mutuamente antes de nos aproximar do vosso altar, tende piedade de nós – Senhor, tende piedade de nós; (2) Cristo, que na cruz destes o perdão aos pecadores, tende piedade de nós – Cristo, tende piedade de nós; (3) Senhor, que confiastes à vossa Igreja o ministério da reconciliação, tende piedade de nós – Senhor, tende piedade de nós.

Todas as três formas são introduzidas por um convite “à penitência”, seguido de silêncio, e concluídas pelo Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna. Essa conclusão, porém, “não possui a eficácia do sacramento da penitência” (IGMR 52).

É, preciso, portanto, considerar que na liturgia da missa:

– no Ato Penitencial, a Igreja propõe uma confissão geral dos pecados, sem que cada pessoa diga os próprios pecados; a assembleia inteira reconhece que pecou “muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões”, sem, porém, enumerar quais foram os pecados praticados por pensamentos, palavras, atos e omissões;

– também no Cordeiro de Deus, suplicamos: “Tende piedade de nós” e “Dai-nos a paz”;

– antes da comunhão dizemos: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”;

– enfim, acima de tudo, a fé católica nos ensina que a missa é sacramento do “sangue derramado” por nós, para a “remissão dos pecados”.

Assim, seria muito importante assumir a sobriedade da confissão geral dos pecados (1ª e 2ª forma) e a beleza de aclamar a Cristo, nosso Salvador (3ª forma), sem fazer listas de pecado, mas enfatizando o Deus misericordioso que “nunca se cansa de perdoar”. Aqui, cabe muito bem a oração proposta pelo Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, n. 3: “Senhor, deixei-me enganar, de mil maneiras fugi do vosso amor, mas aqui estou novamente para renovar a minha aliança convosco. Preciso de vós. Resgatai-me de novo, Senhor; aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores”.


[1] Cf. MISSAL ROMANO. Ordinário da Missa, n. 3.

+ Edmar Peron,
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Belém