Um livro do Papa Francisco dedicado aos pequeninos: "COM O OLHAR DE UMA CRIANÇA"

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14/02/2020 - 11:30

Um livro do Papa Francisco dedicado aos pequeninos

COM O OLHAR DE UMA CRIANÇA

“Quando vejo uma criança como tu, sinto muita esperança no coração” 

São os seus “amigos de coração”. A elas, as crianças, o Papa Francisco dedica sempre uma atenção especial em qualquer circunstância, até nas audiências mais formais e onde a etiqueta exigiria tempos e modos muito distantes da simplicidade e do imediatismo das crianças. Por uma criança vale sempre a pena parar por um momento no meio da multidão, estender-lhe a mão para uma carícia, oferecer um sorriso e talvez fazer uma brincadeira ou dar uma gargalhada. É evidente o sentimento especial que o Pontífice tem para com os mais pequeninos, aos quais agora dedicou um livro escrito particularmente para eles. Com efeito, acaba de ser publicado um pequeno volume ilustrado de capa dura, no qual se dirige a eles com linguagem simples e frases curtas, quase “sussurradas”, como se fossem preciosos conselhos de um avô. I bambini sono speranza [“As crianças são esperança”]: eis o título do livro (Milão, Salani, 2020, 32 páginas) que, naturalmente, recorre de maneira preponderante à linguagem mais apropriada aos seus interlocutores, a das imagens animadas e coloridas, realizadas por Sherre Boyd, ilustradora nova-iorquina nascida na Itália. Entrando assim, em ponta de pés, no mundo das crianças, Francisco acompanha com delicadeza os vários momentos dos seus dias, dando sugestões para a reflexão. E deste modo, vendo-as brincar, recomenda: «Sê feliz quando estiveres com os outros», ou, imaginando-as num momento de dificuldade ou de tristeza, aconselha: «Jesus compreende os teus problemas. Reza em silêncio e deixa que as palavras brotem das lágrimas». Assim, pegando quase idealmente cada criança ao colo, o Papa aproveita este “diálogo” para falar de espírito de partilha, de tolerância, de paz e de generosidade. E convida os mais pequeninos a ser felizes — porque «Jesus nos ama em grande medida» — e até a «dançar» para mostrar a todos, inclusive aos mais idosos, como é importante viver com júbilo e alegria. Em última análise, é uma questão de perspectiva: fitar o mundo com o olhar de uma criança. Encontrando-se no Vaticano com as crianças hóspedes no dispensário pediátrico Santa Marta, há dois anos, Francisco disse: «Para compreender a realidade da vida, temos que nos abaixar, assim como nos abaixamos para beijar uma criança». (maurizio fontana)

Sê feliz quando estiveres com os outros

Aprende a cultivar todos os dias a graça de amar Assim encontrarás Deus

 

Rimas e desenhos para narrar a história de São Tomás de Aquino

O boi bom e mudo

Não é fácil escrever sobre São Tomás de Aquino, ainda mais se se trata de um texto destinado às crianças. Não é fácil traduzir para a sua linguagem uma vida tão particular e toda a profundidade teológica da sua mensagem e doutrina. Procuraram fazer isto com sucesso Flaminia Giovanelli e Paola Bevicini, autoras de um livro ilustrado a cores que já pelo título chama a atenção das crianças. Trata-se de To m - maso d’Aquino. Santi capricci e angelici pensieri [“Tomás de Aquino. Caprichos santos e pensamentos angélicos”] (Ed. Cantagalli, Sena, dezembro de 2019, 43 páginas), publicação para a qual Giovanelli contribuiu com os textos e Bevicini com as ilustrações. O livro repercorre a vida de Tomás desde o seu nascimento no castelo paterno de Roccasecca (Frosinone) até à sua morte, ocorrida na abadia de Fossanova, destacando quanta influência teve o seu pensamento nos séculos seguintes. A começar pelo sublime Dante Alighieri, que para as canções da Divina Comédia se inspirou na teologia do Aquinate, reunidas na Suma. Giovanelli faz uso extensivo de rimas simpáticas e de simples compreensão para as crianças. Como quando descreve as qualidades possuídas por Tomás desde criança: «Agora voltemos para Aquino / lá com grande obstinação / São Tomás pequenino / escolheu a pregação». Ou quando cita o episódio em que, ainda criança, pega sorrateiramente da cozinha de casa um pouco de comida para levar aos pobres famintos. O pai, porém, duvidando do que o seu filho levava às escondidas, detém-no e pede-lhe que abra o seu manto. Diante deste pedido «São Tomás receoso / não sabe como se comportar / depois decide, esperançoso / o manto alargar». Mas «eis, que grande estupor / do pão nem sequer uma migalha! / E tampouco o odor / agora a consciência não atrapalha». Rimas que certamente apelam à imaginação das crianças, que divertidas podem ver o quadro que ilustra o episódio: o pai, um pouco enrugado, pede explicações a um filho sorridente que tem nas mãos um ramo de rosas vermelhas: «Diz então com ânimo ligeiro / “olha insiste: «Agora o Papa, desapontado / está admirado porque, ao seu redor espantado / à modéstia recorrer / não faz parte do proceder». O gato azul reproduzido na capa volta a apresentar-se repentinamente no final do livro. Das muralhas defensivas de uma cidade ou de um castelo, fita atentamente a lua. A ele está confiada a conclusão, que fala não só às crianças, mas também aos adultos: «O pensamento nunca banal / A sua teologia benfazeja / de ninguém pensou mal / é um gigante da Igreja! (nicola gori)

Edição nº 5 – 04/02/2020 - Página 12