Espiritualidade Eucarística

A A
16/06/2015 - 15:45

O Concílio Vaticano II, na Sacrosanctum Concilium, nº 10, afirmou que da Liturgia em geral, e especialmente da celebração eucarística, “corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as outras obras da Igreja”. Dessa maneira, na escola da Liturgia, quero destacar alguns elementos da celebração eucarística que, a meu ver, nos ajudam a viver da liturgia que celebramos, formando em nossos corações uma autêntica espiritualidade eucarística.

“Tomai, comei. Isto é o meu corpo que será entregue por vós. Tomai, bebei. Este é o cálice do meu sangue que será derramado por vós”. Essa ação de Jesus, colocada no centro de cada oração eucarística do rito romano, atinge seu ponto alta na “comunhão sacramental”. Disse Jesus em seu Discurso sobre o Pão da Vida que a pessoa que dele se alimentasse, dele viveria (Jo 6,57). A pessoa, pois, que “comer” Jesus Ressuscitado, presente no sacramento eucarístico, entra em comunhão com Ele. “Esta comunhão, este ato de ‘comer’ – afirmou Bento XVI – é realmente um encontro entre duas pessoas, é deixar-se penetrar pela vida d’Aquele que é o Senhor”. E continuou: “A finalidade dessa comunhão, desse comer, é a assimilação da minha vida à sua, a minha transformação e conformação com Aquele que é Amor vivo” (Homilias, 26/05/2005). Assim, pela Eucaristia, a nossa vida vai pouco a pouco sendo transformada e conformada e conformada à vida de Jesus, e nós vamos vivendo sempre melhor como ele viveu, doando-nos e nos entregando pelos irmãos (Mt 25,31-40). É a experiência existencial de ser “corpo entregue e sangue derramado” em favor dos muitos irmãos e irmãs, especialmente os mais necessitados (cf. Mt 25,31-40).

Palavra do Senhor. Palavra da Salvação”. Contudo, esse caminhar exige de nós continua conversão, a qual nos é apresentada pelo anúncio da Palavra de Deus. O Senhor Jesus, referindo-se aos judeus, disse-lhes: “Se vocês guardarem a minha palavra, vocês, de fato, serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês” (Jô 8,31-32). “Dou-vos um conselho, – disse o Papa Francisco –: o Evangelho que escutais na liturgia, voltai a lê-lo pessoalmente, em silêncio, e aplicai-o à vossa própria vida; e, com o amor de Cristo, recebido na sagrada Comunhão, podereis pô-lo em prática” (Discursos, 05/08/2014).

“Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”. Reconhecemos que Deus nos reúne todos, sem distinção, em seu Filho, Jesus Cristo. É comunhão de irmãos e irmãs! Assim, vamos assimilando aquela certeza eclesial de que “a forma eucarística da vida cristã é, sem dúvida, eclesial e comunitária”.

“Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe”. A espiritualidade eucarística é também missionária; celebração e missão se relacionam profundamente. Assim, nós que participamos da celebração eucarística, devemos, como nos ensinou o querido Papa Francisco, “nos tornar cristãos corajosos e ir em busca daqueles que são a carne de Cristo” (Vigília de Pentecostes, 19/05/2013).

Fonte: Edição nº 3055 do Jornal O SÃO PAULO – página 05