Papa proclama Anchieta Santo

A A
Publicado em: 03/04/2014 - 08:45
Créditos: Arquidiocese de São Paulo

Fonte: ArautosdoEvangelho

Após 417 anos do primeiro pedido de canonização do jesuíta José de Anchieta o Papa Francisco, assinou o decreto que o proclamou santo - São José de Anchieta, cognominado “Apóstolo do Brasil”. A proclamação se deu durante a audiência que o Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, teve com o Santo Padre. No mesmo dia, também foram canonizados outros dois evangelizadores da América: Ir. Maria da Encarnação e o Bispo Francisco de Montmorency-Laval, franceses que viveram no Canadá.

São José de Anchieta desenvolveu uma intensa ação evangelizadora em alguns estados brasileiros, como São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia. O religioso da Companhia de Jesus, com o então provincial do Brasil, Pe. Manoel da Nóbrega, e outros religiosos jesuítas, fundaram em 25 de janeiro de 1554, no planalto de Piratininga, o Colégio de São Paulo de Piratininga. Nascia, no ponto mais avançado do planalto, sobre uma colina situada no encontro dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, a cidade de São Paulo, a maior da América do Sul.

A Arquidiocese de São Paulo está em festa pela canonização de José de Anchieta e acolhe com manifestações de júbilo e Ação de Graças a Deus. No dia 02 de abril, às 14h, todas as igrejas e capelas da Arquidiocese tocaram os sinos, na mesma hora, além de estarem realizando celebrações espontâneas de louvor e agradecimento a Deus. O Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu Solene Oração em Ação de Graças pela Canonização de Anchieta, às 18h na Catedral da Sé; o mesmo aconteceu às 19h30 no Pátio do Colégio.

No Pátio do Colégio, Dom Odilo e o Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ, Provincial da Província Centro-Leste do Brasil, da Companhia de Jesus; e o Pe. Carlos Contieri, SJ, Diretor do Pátio do Colégio-SP, concederam entrevista coletiva à imprensa para falar sobre a Canonização de Anchieta.

F
oram expostos banners com a imagem de José de Anchieta em frente à Catedral da Sé e ao Pátio do Colégio.

Perguntado sobre o fato de ter ocorrido a canonização de Anchieta, mesmo sem o reconhecimento de um 2º milagre, o Cardeal Scherer afirmou que “quando a Igreja canoniza alguém, não olha simplesmente o milagre ou um fato extraordinário; olha, de fato, a vida e a percepção da santidade de alguém no conceito, também, da comunidade daqueles que o conheceram”.

Pe. Smyda destacou os mais de 50 santos e 150 beatos da Companhia de Jesus, “homens que se espalharam pelo mundo para servir à Cristo e à Humanidade”. Disse que Anchieta iniciava, pela educação, seu trabalho de evangelização, ao “voltar-se à disposição do diferente, não para oprimi-lo, como foi comum naquele tempo, mas para acolhê-lo, e lhe propor uma nova visão do mundo, de Deus e do próprio ser-humano, resgatando os valores e, ao mesmo tempo, colocando aqueles que eles desconheciam”.

Sobre a demora na canonização de Anchieta, dom Odilo disse que há explicações históricas que começaram já no século XVII, com o processo de difamação, supressão da Ordem dos Jesuítas, e sua expulsão ocorrida não só no Brasil, mas em diversos lugares no mundo. Na China, por exemplo, os Jesuítas não puderam concluir um trabalho missionário que poderia ter rendido bons frutos para a Igreja. “Eles (os Jesuítas) eram realmente muito avançados no modo de trabalhar. Anchieta traduzia os textos do Evangelho e fazia as catequeses nas línguas dos indígenas. Isto era inovador e causava problemas de interpretação e difamação”. Os problemas políticos existentes na época também fizeram com que a causa de Anchieta fosse deixada “de lado”.

Pe. Contieri afirmou que a Canonização de Anchieta é um Ato Eclesial, pois se destina à Igreja e a todo o povo, haja vista que no centro da preocupação do novo santo sempre esteve a pessoa. Tal atitude inspira não só a vida cristã, mas toda humanidade. “O ser humano é o destinatário da Boa Nova que ele (Anchieta) tem para nos anunciar. Num tempo, em que parece que nós vivemos o tempo da desconstrução do sujeito, sua Canonização nos leva a olhar para a pessoa valorizando-a, e para dizer que a nossa vocação batismal tem sentido em relação aos nossos semelhantes”.

Clique aqui e leia a mensagem do Cardeal Dom Odilo, por ocasião da canonização de José de Anchieta.

Tags