Migração: entre o risco e a liberdade

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<p>Haitiano agradeceu a solidariedade dos brasileiros durante encerramento da 29ª Semana do Migrante, na Catedral da Sé</p>
Publicado em: 27/06/2014 - 11:00
Créditos: Jornal O São Paulo - ed. nº - 3008

Imagem: Luciney Martins

Winial Pierrette, 40, é haitiano, mas está no Brasil há 2 anos. Ele trabalha como pedreiro e aluga um quarto no Brás. “Ganho R$ 800,00 e R$ 500,00 vai para o aluguel. Não sobra quase nada para comer ou enviar para a família no Haiti”, afirmou o haitiano que deixou os 2 filhos e a mãe e veio para o Brasil em busca de oportunidades de trabalho.

Mas Winial mostrou-se insatisfeito com as condições de trabalho que encontrou por aqui. “Até no Haiti, quando o Brasil joga é uma festa e as empresas liberam as pessoas. Aqui, o patrão libera,mas depois temos que pagar as horas não trabalhadas em dobro. Acho isso uma injustiça”, lamentou.

O trabalhador haitiano é um dos mais de 20 mil que migraram devido à destruição causada pelo terremoto em 2010 que ainda assola o seu país. E, mesmo tendo críticas às “injustiças brasileiras” ele pediu à reportagem para transmitir aos brasileiros um agradecimento pela solidariedade com os haitianos que chegaram em grande número nos últimos meses e ocuparam as dependências da Casa do Migrante, que pertence à Missão Paz, no Glicério, centro da capital paulista.

“Queremos procurar os meios de comunicação para agradecer oficialmente a acolhida e as doações que recebemos”, disse Winial que estava desempregado, e por isso, ia todos os dias a Missão Paz ajudar os compatriotas que chegaram.

Outro agradecimento foi dirigido à Missão Paz ao Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) e aos demais institutos e pastorais que trabalham diretamente na acolhida e assistência aos migrantes. Quem o fez foi o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, presidente da celebração na qual se recordou o Dia do Migrante, domingo, 22, na catedral da Sé.

A missa aconteceu durante a 29ª Semana do Migrante, 15 a 22 de junho, que teve como tema: “migração e liberdade” e lema: “Migrar é Direito: Tráfico Humano é Crime!”. Países latino-americanos, Haiti, África, e, diversas regiões brasileiras participaram da celebração que chamou atenção para situações de exploração e sofrimento que vivem os migrantes, mas também para a grande riqueza cultural e humana que eles trazem.

“Os migrantes vivem situações de sofrimento na partida e na chegada”, lembrou o Cardeal que fez um apelo a todas as igrejas e comunidades para que acolham os migrantes e que eles se sintam em casa. A resposta ao pedido pode colaborar para que eles estejam menos expostos ao tráfico, à prostituição, ao trabalho análogo à escravidão, ao uso e tráfico de drogas, situações às quais são mais vulneráveis.

Com uma lata de água na cabeça, carregando um facho de cana, uma casinha feita de madeira ou vestidos com roupas típicas entraram em procissão os migrantes que deram a conhecer os motivos pelos quais migram e as diversas formas de violação dos direitos humanos pelos quais passam. Por fim, um canto emocionado foi dirigido à Maria, mãe de Deus e dos migrantes enquanto imagens de diferentes títulos de Nossa Senhora foram trazidas até o altar.

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