Libertados por Deus e livres para amar

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Dom Eduardo Vieira dos Santos celebra no Dia da Consciência Negra
Publicado em: 02/12/2015 - 11:30
Créditos: Edição 3079 do Jornal O SÃO PAULO – página 15

"Deus ouve o clamor do seu povo oprimido" e aqueles que fazem parte dos libertados por Deus são "livres para amar”. Assim expressou Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, durante a missa inculturada em comemoração ao Dia da Consciência Negra, na sexta-feira, 20 de novembro, no Largo do Paissandu, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na região central.

A igreja, que teve a parte externa recentemente reformada, foi erigida em 1906 pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, a terceira irmandade mais antiga do Brasil, formada originalmente por negros católicos, libertos e escravos, em 1711, que construíram igrejas para "poderem participar dos sacramentos e serem enterrados num cemitério, já que não eram bem-vindos em outras igrejas onde existiam racistas”, disse Vanilda Aparecida, irmã do Rosário.

"É um momento muito forte para nós, negros, no Brasil”, afirmou, ao O SÃO PAULO, Irmã Lindaura Araújo, coordenadora da Pastoral Afro na Arquidiocese de São Paulo, "principalmente agora, com a beatificação do Padre Victor [Francisco de Paula Victor - beatificado no dia 14], o primeiro padre negro do Brasil”, complementou, enfatizando, ainda, que a missa, organizada pela Pastoral e por várias irmandades, foi presidida pelo primeiro bispo negro da Arquidiocese de São Paulo.

Dom Eduardo, na homilia, ressaltou a importância de "ir ao encontro do outro" durante o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que será iniciado em 8 de dezembro.

Ao fim da celebração, o secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial, Maurício Pestana, disse que é necessário "retomar o lugar construído com o suor e o sangue de nossos antepassados”. Logo após a celebração, houve a apresentação do coral Resistência Negra, composto por integrantes da igreja presbiteriana e regido pelo maestro Moisés da Rocha.

Igor Andrade