Dom Giovanni revive raízes na festa de Casaluce

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Núncio Apostólico faz uma visita à Paróquia Nossa Senhora de Casaluce
Publicado em: 09/06/2015 - 09:30
Créditos: Edição nº 3054 do Jornal O SÃO PAULO – página 15

Foto: Luciney Martins

Durante sua visita à Arquidiocese de São Paulo, o núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanní d’Aniello, voltou às suas raízes italianas, na tarde do domingo, 31 de maio, na Paróquia Nossa Senhora de Casaluce, no encerramento da 115ª edição da festa de rua no Brás.

Natural de Aversa, no sul da Itália, Dom Giovanni foi à Paróquia acompanhado do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e do administrador paroquial, Pe. Gilberto dos Santos Martins. O Núncio participou da procissão com a imagem da padroeira pelas ruas do bairro, e, em seguida, presidiu uma missa campal. Na homilia, disse que há muitos anos não participava da festa de Nossa Senhora de Casaluce e agradeceu a Dom Odilo por acolher seu pedido de visitar a Paróquia. “Hoje, para mim, é um grande dia, de muita felicidade. É como se eu me sentisse em casa com vocês. Voltei a ser um menino, quando participava da procissão na minha cidade”.

Foi na cidade natal do Núncio que, segundo uma lenda popular do século XII, em um dia de temporal, uma bela moça negra segurando um bebê bateu a porta de um convento de padres para pedir abrigo. Porém, como não era permitida a entrada de mulheres, os padres pediram que a moça fosse a um convento de freiras na cidade mais próxima, Casaluce (Casa de Luz), onde a mulher foi acolhida em um quarto. No dia seguinte, as religiosas não a encontraram, e no seu lugar havia um quadro que retratava a figura da moça, com uma criança nos braços. A partir daí, vários milagres foram atribuídos àquela santa. Por isso, os padres de Aversa teriam reclamado o quadro por ter sido lá que a santa havia estado primeiro. Para evitar discórdia, ficou resolvido que o quadro ficaria quatro meses em Aversa e oito em Casaluce.

Porém, Dom Giovanni contou ao O SÃO PAULO a versão histórica da devoção, cujo quadro com a imagem da Virgem Maria teria sido trazido da Terra Santa por um rei francês e doado aos padres celestinos que viviam em Casaluce, mas que possuíam uma casa de veraneio em Aversa. “Quando os padres iam para Aversa passar o verão, levavam consigo a imagem. Daí permanece a tradição de a imagem passar oito meses em Casaluce e os quatro meses do verão em Aversa”, explicou.

O Núncio também relacionou a devoção a Casaluce com visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, recordada pela Igreja em 31 de maio. “Nossa Senhora vem como que visitar o povo da minha cidade e ficar conosco. Mas ela não vem sozinha, traz nos braços um menino, Filho de Deus”, afirmou. Dom Giovanni convidou, ainda, todos a levarem Cristo para o mundo. “Voltando para casa, cada um de vocês, precisam saber que têm uma missão a cumprir, a mesma que Maria cumpriu quando, visitando a prima, trouxe o Filho de Deus”.

A devoção foi trazida ao Brasil pelos imigrantes italianos que se fixaram no Brás. Até hoje, só existem duas Igrejas no mundo com o título de Nossa Senhora de Casaluce, uma na Itália e outra em São Paulo. A festa de rua italiana é a mais antiga da cidade e, de acordo com o Pe. Gilberto, cerca de 4 mil pessoas participam em cada um dos quatro finais de semana dessa edição.

Fernando Geronazzo