O amor que revoluciona - Diácono Mario Braggio

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14/06/2016 - 00:15

Mt 5,43-48

“Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5,44). Eita mandamento difícil de seguir... Jesus sabia disso, mesmo assim nos incita a fazê-lo.

Na verdade, amar – incondicionalmente – já é difícil, sobretudo porque, não raro, confunde-se amor com domínio e controle da pessoa amada.

Somos educados, desde crianças, para amar aqueles que nos amam, que convivem conosco, que fazem parte do nosso universo pessoal, ou seja, os nossos pares, os nossos iguais. Quase sempre aprendemos, mais com os exemplos do que com as palavras dos que nos educam, a amar retributivamente: eu recebo, logo, eu dou.

O outro, o diferente, o que não faz naturalmente parte do meu universo pessoal é visto com resguardo, à distância e, não raro, afastado, rejeitado, excluído. O que não me dá o que necessito ou ameaça tirar de mim o que  tenho (ou suponho ter) torna-se objeto da minha raiva, do meu ódio; vira adversário, vira inimigo. Impossível amar alguém assim!

Cumprimentar, valorizar, agradar, tratar bem, acolher, incluir são – dentre outras – verdadeiras manifestações de amor. “Fazei o bem, sem olhar a quem”, diz o provérbio.

 Amar os inimigos, como nos manda Jesus, surpreendeu os discípulos seus contemporâneos e assombra os seus seguidores de hoje. O assim chamado amor evangélico excede emoções, sentimentos e relações de amizade. Em que Jesus se baseia para nos propor tal conduta? Ora, sem dúvida, no modo de agir do Pai, que acolhe a todos misericordiosamente e o faz sem distinção. A proposta de Jesus é revolucionária. Amar o inimigo: rezar por ele, desejar-lhe e fazer-lhe o bem é revolucionário, transformador.

Jesus convida a mim e a você, para que abandonemos a nossa zona de conforto e saiamos ao encontro do outro, seja ele quem ele for, dispostos a amar, deixando de lado os preconceitos, olhando o outro segundo a perspectiva de Jesus Cristo. Afinal, “amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem um único mandamento” (cf. Deus Caritas Est, n.18).