Mulher e Homem = Igualdade - Raul de Amorim

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12/08/2016 - 00:15

Mt. 19,3-12

Se o Reino dos Céus atinge profundamente todas as estruturas da vida, sem dúvida uma das primeiras é a família. Em qualquer sociedade humana, a família é fundamental para a formação de pessoas e a relação justa entre homem e mulher. É nesse contexto que Jesus defende a justiça no matrimônio e na responsabilidade entre marido e mulher.

Mt.19,3-4: E alguns fariseus se aproximaram de Jesus para tentÁ-lo. Perguntaram: “É permitido divorciar-se da própria mulher por qualquer motivo?”  

No tempo de Jesus, o homem podia divorciar-se de sua mulher, mas a mulher não tinha o mesmo direito de mandar o homem embora. A lei dizia: “Se um homem tomar uma mulher e exercer nela os seus direitos de senhor, mas ela cair na desgraça aos olhos dele por ter visto nela algum inconveniente, então ele escreverá um documento de divórcio e o colocará nas mãos dela, expulsando-a de casa”. (Dt.24,1)

A questão era a interpretação, o significado da expressão: “alguma coisa inconveniente”. Uns achavam que podia ser por qualquer motivo. Outros, que devia ser falta moral grave. Em todo caso, era sempre o homem que tinha direito de pedir ou dar carta de divórcio à mulher. A lei de Moisés mantinha o privilégio do homem sobre a mulher. Ainda hoje muitas pessoas apelam e interpretam a Palavra em benefício próprio. 

Mt.19,5-6: “De modo que já não são dois, mas uma só carne...”

Jesus não entra no jogo deles. Ele sabia que era uma pergunta maldosa e provocativa . Evita a discussão que não leva a nada e vai mais a fundo questionando:  Qual é o plano do Criador? O que Deus tinha em mente quando os criou homem e mulher?  Esta é a pergunta fundamental. Deus os criou para os dois se ajudarem mutuamente a crescer e serem um só no amor. Mas a reciprocidade foi quebrada e o homem começou a dominar a mulher.

Mt.19,7-9: “Então porque Moisés mandou dar a ela a carta de divórcio e mandá-la embora?”

Os fariseus não se contentam com a resposta de Jesus. Insistem em questionar sobre a Lei de Moisés. Era costume deles. Assim se desviavam da essência, do objetivo de Deus e torciam a Lei colocando-a  a serviço de seus interesses. Jesus denuncia a dureza dos corações que entorta a Palavra de Deus em benefício próprio: “No princípio não era assim” (Mt.19,8b)

Indo contra os direitos exclusivistas que a sociedade da época dava aos homens em relação às mulheres, Jesus recupera as Escrituras: Por isso, o homem deve deixar pai e mãe, para unir-se à sua mulher e se tornarem uma só carne. (Gn.2,24) Jesus retira o privilégio do homem sobre a mulher.

Mt.19,10-12: Os discípulos disseram a Jesus: “Se é assim a condição do homem em relação à mulher, então não vale a pena casar...”

Agora são os discípulos que fazem a pergunta. Não compreendem a resposta de Jesus. Dão a entender que preferem não casar do que casar sem o privilégio de poder mandar na mulher. Mais uma vez Jesus vai fundo na questão e discute o fato de não casar. São dons divinos tanto a vida matrimonial como o celibato livremente assumido em favor do Reino.

A respeito desse assunto o Papa Francisco nos orienta: “Deus criou o ser humano à Sua imagem, criou-os homem e mulher.” Esta afirmação do livro de Gênesis explicou o papa, diz que não só o homem nem só a mulher são imagem de Deus, mas ambos, como casal, são imagem do Criador. A diferença entre eles tem em vista a comunhão e a geração, e não a contraposição nem a subordinação.

“Somos feitos para nos ouvir e nos ajudar reciprocamente. Sem essa riqueza recíproca, não se pode entender profundamente o que significa ser homem e mulher”, disse o papa. Se a mulher e o homem  têm divergências, estas devem ser resolvidas com o diálogo, para que eles se amem mais e se conheçam melhor.  (catequese do papa Francisco 15/04/2015)