Expectativa e Alegria - Raul de Amorim

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06/05/2016 - 00:15

Jo.16,20-23

Estamos vivendo o período entre a Ascensão e Pentecostes. Os textos colocados na liturgia são dos capítulos 16 a 21 do evangelho de João. O ambiente é uma sensação de tristeza e de expectativa. Tristeza, porque Jesus se despede de seus amigos e a saudade toma conta do coração. Expectativa, porque está chegando o dom prometido do consolador que trará de volta a alegria da presença amiga de Jesus.

Jo.16,20-21: Vocês ficarão angustiados... Para os discípulos de Jesus era uma preparação para enfrentarem o que viria pela frente: a prisão, a condenação e a morte do Mestre. Para as comunidades do tempo de João eram palavras que serviam de alento nas perseguições. O ambiente estava carregado de angústia e sofrimento. Como alimentar a esperança? Como continuar a missão? Muitas vezes sentimos angústia diante das dificuldades. Como suportar esses momentos?

O evangelista faz memória das palavras de Jesus “A angústia de vocês se transformará em alegria”...  E para que eles entendessem melhor a mensagem faz uma comparação: Quando a mulher está para dar a luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas quando a criança nasce nem se lembra da aflição, por causa da alegria, pois um ser humano foi dado ao mundo...

Uma comparação simples de ser entendida porque está carregada da realidade da vida! Todo o processo do parto transcorre em meio a dores e sofrimentos. As mães sabem disso por experiência. Elas aguentam as dores com esperança e por isso estamos vivos!

 A expectativa do filho, da filha, que está para nascer, leva-a a relativizar sua dor. Uma vez concluído o parto, é tempo de festejar. Essas palavras no tempo de Jesus eram como que um alerta para que os discípulos não ficassem abatidos. Para as comunidades do fim do primeiro século a quem João escreveu eram estímulo para a missão.

A dor e a tristeza causadas pela perseguição mesmo sem oferecerem nenhum horizonte de melhora, não devem ser causadores de situação de morte, mas sim como que dores de parto, de nascimento de nova vida!

Jo.16,22-23: “Ninguém poderá tirar a alegria... Os conflitos não podem destruir a esperança e a alegria que se alimenta na presença permanente do Cristo Ressuscitado. A comunidade sabe em que apostou: reconhece a origem divina de Jesus, seu retorno para junto do Pai, e está convencida que a obra que Ele realizou no mundo significa a vitória sobre os esquemas da sociedade que produzem dor e morte. Esta certeza lhe dá a confiança necessária para permanecer fiel e manter o testemunho. A luz de Deus em nós é a resposta total e plena a todas as perguntas que brotam do coração humano.