Escolha dos Doze Apóstolos - Raul de Amorim

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28/10/2016 - 00:15

Lc. 6.12-19

A Igreja celebra hoje a Festa dos Apóstolos São Simão e São Judas Tadeu. O evangelho de hoje traz dois assuntos: a) descreve a escolha dos doze apóstolos e b) informa que uma multidão imensa de gente queria encontrar-se com Jesus para ouvi-lo, tocar nele e ser curada.

Lc. 6,12-13 E aconteceu que, nesses dias, Jesus foi à montanha para rezar, e passou a noite inteira em oração a Deus. Quando amanheceu, chamou seus discípulos, escolheu doze entre eles, e deu-lhes o nome de apóstolos.

Antes de fazer a escolha dos doze apóstolos, Jesus subiu à montanha e passou a noite inteira em oração. Na Bíblia subir lembra Moisés que subiu a montanha para se encontrar com Deus.   Jesus deve ter rezado por aqueles que iria escolher. Escolheu os Doze cujos nomes estão registrados nos evangelhos. A eles chamamos de apóstolos.

Os doze que Jesus escolhe entre seus discípulos são chamados de apóstolos, ou seja, enviados.  Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo.20,21)

Lc. 6,14-16 Simão, a quem chamou também de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes... As pessoas chamadas por Jesus, consolo para nós...

Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes de homens e mulheres que seguiram Jesus de perto. Os Doze, chamados por Jesus para formar com Ele a primeira comunidade, não eram santos. Eram pessoas comuns, como todos nós, com suas qualidades e defeitos. Os evangelhos informam pouco sobre o jeito e o caráter de cada um deles. Mas o pouco que temos é motivo de consolo para nós.

Pedro: era uma pessoa generosa e entusiasta (Mt.14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e voltava atrás (Mt. 14,30); (Mc.14,66-72). Foi chamado de satanás (Mc 8,33) e pedra de tropeço (Mt.16,23), Negou Jesus na hora do perigo (Lc.22,56-62).

Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc.10,39), mas eram muito violentos (Lc.9,54). Jesus os chamou de “filhos do trovão” (Mc. 3,17). João parecia ser ciumento, pois queria Jesus só para o grupo e proibiu os outros de usar o nome de Jesus para expulsar demônios (Mc.9,38).

Filipe: tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo. 1,45), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo.6,7). Às vezes era meio que ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo.14,8-9)

André: irmão de Pedro e amigo de Filipe era uma pessoa mais prática. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo.12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo. 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo.6,8-9).

Bartolomeu: alguns estudiosos dizem que era o sobrenome de Natanael.  Era uma pessoa que se posicionava como que preconceituosa: “De Nazaré pode vir algo de bom?” (Jo.1,46).

Tomé: foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo.20,25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo.20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo.11,16).

Mateus ou Levi: era publicano, cobrador de impostos. Os publicanos eram pessoas comprometidas com o poder opressor da época.

Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc.6,15).

Judas Iscariotes: Era uma pessoa apegada ao dinheiro. Essa fraqueza fica demonstrada na cena da unção com o óleo perfumado em Betânia (Jo.12,1-6).

Tiago de Alfeu e Judas Tadeu: Não temos informações destes dois a não ser o nome nos evangelhos. Na Armênia São Judas é venerado como fundador, juntamente com Bartolomeu de uma das igrejas mais antigas do cristianismo. No Novo Testamento há uma carta de São Judas.

Lc. 6,17-19 ...Toda multidão procurava tocar em Jesus, porque dele saía uma força que curava a todos...

É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. O evangelho diz que vinham de toda a Judéia e Jerusalém do litoral de Tiro e Sidônia. Judeus e pagãos. Aqui transparece o ecumenismo, a abertura universal da missão.

Os primeiros cristãos lembravam os nomes dos doze apóstolos que estavam na origem das suas comunidades. Lembramo-nos das pessoas que estão na origem de nossas comunidades?