Éfata - Cônego Celso Pedro

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06/09/2015 - 00:15

VIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM
Is 35,4-7; Sl 146; Tg 2,1-5; Mc 7,31-37

Andando de Tiro à Decápole, Jesus se encontra com um surdo gago. Seus amigos intercedem por ele. Jesus se afasta com aquele homem diminuído em suas capacidades, e discretamente o cura. Sem expô-lo à curiosidade da multidão, sem cenas nem teatro, quedas ou gritos. Jesus coloca os dedos nos ouvidos do surdo e com a própria saliva toca na língua deste homem que fala com dificuldade, e o milagre acontece. Está dado o sinal. Ele faz bem todas as coisas, faz o surdo ouvir e o mudo falar. O evangelista registrou a palavra dita por Jesus em aramaico: Éfata (’ippatah), que quer dizer “abre-te”. No antigo ritual do batismo, o padre dizia a palavra Éfata e tocava nos ouvidos e na boca das crianças que iam ser batizadas. Como o rito apenas mostra a realidade, a realidade continua. Quando somos batizados, abrem-se os nossos ouvidos e solta-se a nossa língua para a profecia. Podemos proclamar que Deus é nosso Pai e louvá-lo. A vingança de Deus anunciada por Isaías nos impele a fazer com que ouçam os que fazem ouvidos moucos, assim como nos impele a falar pelos que não tem voz nem vez. Jesus vai de um lado para outro fazendo bem todas as coisas. Nesse vai e vem depara-se com a realidade da vida, dela se aproxima e sobre ela se debruça. Jesus usa ritos, e o faz para curar a surdez e a gagueira, usa ritos para exercer a vingança, a compensação, a salvação. Não são ritos teatrais. Ao dizer o que se ouviu e repetir o que se viu é preciso fazê-lo com exatidão. O contrário seria mentira. São Tiago pede a verdade dos gestos. A boa ordem da assembleia importa na medida em que leva em consideração as pessoas que nela se encontram. Por trás da roupa surrada ou do belo vestido está o ser humano, filho do Deus altíssimo. Como atualizar os sinais que indicam quem é Jesus e quem é de Jesus?