E você, também quer saber quem é o maior? - Diácono Mario Braggio

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09/08/2016 - 00:15

Mt  18,1-5.12-14

Os discípulos queriam saber: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” (Mt 18,1). Hoje não é diferente. Essa antiga preocupação dos homens continua atual: quem é o maior, quem é o principal, quem é o primeiro, quem vai coordenar o grupo, quem vai se sentar perto do bispo, e assim por diante. Essa ambição secreta – uma espécie de “vocação” para muitos – nada tem a ver com o projeto do Reino. Aliás, no Reinado de Deus não há cargos, títulos, sobrenomes, precedências, protocolos e honrarias, mas uma nova ordem nas relações entre Deus e os homens e os homens entre si. Participam dele os pobres e os pequenos, isto é, os que o acolhem com o coração humilde.

Justamente por isso é que Jesus chama uma criança para perto de si, destaca-a no meio do grupo, e diz: “Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe” (Mt 18,4-5). Afirmam os estudiosos que se tratava, na realidade, de um jovem servente, um pequeno empregado, ou seja, alguém “invisível” naquela sociedade em que a criança com menos de doze anos e os servos, sobretudo os que realizavam os serviços mais ínferos, eram desconsiderados.

O criadinho – símbolo dos fracos, dos pobres e dos humildes – é apresentado por Jesus como referência daquele que é o maior no Reinado de Deus. Isso deve ter escandalizado os discípulos de ontem e melindra os que se propõem a segui-lo hoje, mas esta é a realidade que o Senhor nunca escondeu: os critérios da comunidade cristã não são os mesmos da sociedade. Ela – a comunidade – é formada pelos pecadores, pequenos, fracos, dependentes e perdidos; nela não há espaço para exercitar o poder, para valer-se do ter; para a soberba e o orgulho.

Na comunidade cristã o maior não é aquele que manda, mas aquele que serve. É todo aquele que, assim como as crianças, tem o “peito aberto” e a alma pura, porque não traz maldades e nem malícia no coração.