Jo. 14,1-6

O trecho de hoje faz parte da longa conversa que Jesus teve com seus amigos durante a última ceia. Foi uma conversa amiga e demorada que ficou na memória do evangelista. É bom lembrar que o evangelho de João situa-se mais ou menos nos anos 90, marcado por muita perseguição aos cristãos. Nesse tempo as comunidades viviam momentos de insegurança. Fazer memória dessa experiência é reconfortante!  Em nossos dias apesar de conhecermos a Palavra de Deus, apesar de sabermos que Jesus venceu a morte, muitas vezes as dúvidas nos invadem. Por onde caminhar? Qual o melhor grupo? As propostas não faltam.

Jo. 14 1-2: “Que o coração de vocês não fique perturbado...” A insistência em conservar palavras de ânimo e coragem que ajudam a superar as divergências é sinal de que devia haver muita polêmica entre as comunidades. “Nós estamos salvos! Vocês estão errados! Se quiserem se salvar tem que se converter e viver como nós vivemos!” Para essas incertezas de ontem e de hoje o evangelho nos orienta. Jesus sabia das dificuldades que teriam que enfrentar e por isso quer imprimir confiança e esperança.

Jesus diz: “Na casa do meu Pai há muitas moradas!” Não é necessário que todos pensem do mesmo jeito. O importante é que todos aceitem que Jesus é ao mesmo tempo o caminho que conduz ao Pai e o meio pelo qual o Pai é conhecido e que por amor a Ele, tenhamos atitudes de serviço e de amor. Amor e serviço são como que o cimento que liga entre si os tijolos e faz as várias comunidades serem uma Igreja de irmãos e irmãs.

Jo. 14,3-4: “E quando eu for...” Jesus se despede e diz que vai preparar um lugar e depois retornará para levar-nos com Ele para a casa do Pai. Quer que estejamos todos com Ele para sempre. Que palavras reconfortantes! O retorno que Jesus fala é a vinda do Espírito que ele manda e que age em nós, para que possamos viver como Ele viveu. (Jo. 16,13-14) Jesus termina dizendo: “E para onde eu vou vocês conhecem o caminho.” (Jo. 14,4) Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que Ele viveu.

Jo. 14,5-6: “Senhor, nós não sabemos para onde vais...” Tomé se torna porta voz dos discípulos e complementa: “Como podemos conhecer o caminho?”  Transparecem aqui as dúvidas dos seguidores de Jesus. Eles não conseguiam entender o alcance das palavras. Ainda não O conheciam de verdade! Jesus então se torna mais claro: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” (Jo. 14,6) Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte!

O Documento de Aparecida diz: “Se não conhecemos a Deus em Cristo e com Cristo, toda a realidade se torna um enigma indecifrável; não há caminho, não há vida, nem verdade.” (DA22)