Região Belém e Comunidade Religiosa se despedem de Ir. Miria

A A
Segundo Dom Odilo, Ir. Miria soube como ninguém evangelizar por meio da música
Publicado em: 10/05/2017 - 11:45
Créditos: Texto e fotos: Peterson Prates

“Queremos agradecer a Deus por ter conhecido Ir. Miria, por ter convivido com ela, e por ela ter vivido conosco esse tempo, esse pedaço de história”, relatou dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, durante a celebração em sufrágio de Ir. Miria Therezinha Kolling, ICM, falecida em 5 de maio, sexta-feira, no Hospital Santa Virgínia, vítima de um infarto durante procedimento cirúrgico cardíaco.

Irmã Miria completaria 78 anos ainda no mês de maio e tinha 60 anos na Congregação, sendo 57 anos de vida consagrada religiosa como Irmã do Imaculado Coração de Maria, e quase 50 anos de compositora. Nascida em Dois Irmãos (RS), viveu em várias comunidades da Congregação, mas há muitos anos vivia na comunidade do Educandário São José, no Belém, e mantinha agenda cheia com cursos de Canto Litúrgico e Pastoral pelas Dioceses do Brasil.

Com mais de 600 composições, Ir. Miria se destacou Brasil afora com seus cantos litúrgicos, pastorais e catequéticos, que ajudaram a Igreja no país a viver a Reforma Litúrgica pós Vaticano II. Na Região Belém todos os anos reunia centenas de ministros do canto de diversas paróquias e comunidades para formação litúrgica.

Despedida

O corpo da religiosa foi velado no Educandário São José do Belém durante todo o sábado e manhã de domingo, onde a comunidade religiosa da Província Nossa Senhora de Guadalupe das Irmãs do Imaculado Coração de Maria puderam se despedir, junto a amigos, admiradores, religiosas, animadores de canto, padres e bispos.

Centenas de pessoas passaram no local durante as 9 cerimônias ministradas, entre missas e celebrações. Dom Odilo presidiu uma missa de exéquias no fim da tarde do sábado, 6. Durante a celebração, que reuniu mais de 300 fieis, o cardeal recordou que conheceu Ir. Miria quando ainda era seminarista, e participou de alguns encontros de canto pastoral.

Segundo o arcebispo, o canto é um “importante meio de comunicação da mensagem do Evangelho”, e Ir. Miria soube como ninguém evangelizar por meio da música. O exemplo de simplicidade, a ajuda com a arquidiocese, contribuindo para a formação das comunidades e paróquias e o hino do centenário da arquidiocese foram recordados por dom Odlilo.

No fim da homilia, dom Odilo lembrou uma das últimas composições da religiosa, que no refrão meditativo, cantava “Amanhã se eu acordar, Deus estará comigo. E se eu não acordar, estarei com ele”. “Viveu como consagrada a Deus e com seu carisma ajudou a Igreja a realizar sua missão”, finalizou.

Pe. Rubens Cabral, OMI, Coordenador da CRB/SP, disse que foi não só representando a CRB, mas também como “peregrino, de coração agradecido”. “A Ir. Miria, com a presença feminina, com o valor dela, com a generosidade, foi até as bases. Isso foi importante para pequenas comunidades, para dioceses distantes que tiveram nela um apoio e um suporte valioso”, completa.

Ainda na noite do sábado, dom Luiz Antônio Guedes, bispo de Campo Limpo, qualificou Ir. Miria como “grande educadora do povo”. Pe. Sandro Ely de Oliveira, da mesma diocese, disse que a irmã “soube traduzir de modo simples a presença e o amor de Deus no meio de nós”.

No domingo, as celebrações continuaram com a última missa de corpo presente, no ínicio da tarde, celebrada na matriz de São José do Belém, paróquia que Ir. Miria frequentava. Pe. Márcio Leitão presidiu a Eucaristia, concelebrada por outros nove padres da região e de outras dioceses.

Dezenas de irmãs do Imaculado Coração de Maria, de outras comunidades, vieram se despedir da Ir. Miria. As religiosas da mesma congregação estavam em atividade provincial em Aparecida (SP), e prontamente vieram para São Paulo se despedir da amiga e irmã.

Outras tantas religiosas e religiosos de diversas congregações se uniram a um aglomerado de fieis que lotaram a igreja para prestar a última homenagem a uma das maiores compositoras de canções litúrgicas.


Pe. Márcio Leitão, que conhecia a Ir. Miria há mais de 30 anos, lembrou a colaboração da religiosa na vida da comunidade paroquial. Destacou, a partir da liturgia do Bom Pastor, que “ela também viveu o pastoreio dela”, junto à Igreja, à Congregação e ao povo de Deus.

Para Ir. Custódia Cardoso, CIIC, Maestrina do Coral Palestrina de Apucarana, a contribuição da Ir. Miria “não é só na música litúrgica, música litúrgica é uma expressão dela, mas acho que [a maior contribuição] é a vida que ela levou; foi uma religiosa exemplar”. Sobre a principal marca, Ir Custódia não exitou em dizer que foi a “alegria de colocar os seus dons para as pessoas, para a Igreja”.

Ir. Helena Corazza, fsp, diretora do SEPAC/Paulinas, diz que sempre admirou “essa singeleza, essa criatividade, entusiasmo” presente em Ir. Kolling. “Acho que a Miria nos deixou um legado muito grande na música e a chave de ouro, o disco de ouro, é justamente a missa dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida”, disse, em referência ao último disco de Ir. Miria, lançado em honra ao jubileu da padroeira do Brasil.

A Superiora Geral da Congregação, Irmã Marlise Hendges, manifestou que “o grande número de irmãs é um consolo; estar unidas nesta hora”, onde celebraram a “passagem [de Ir. Miria] para o seio da Trindade”. Irmã Marlise destacou a “intercongregacionalidade” durante o velório, com o grande número de religiosas e religiosos de várias ordens, como também a quantidade de padres e bispos, revelando “um profundo espírito eclesial de Ir. Miria”. Lembrou também da juventude, a quem disse que terá como missão continuar o legado e o trabalho da Ir. Miria Kolling.


Ao fim da celebração, antes da encomendação do corpo, as irmãs do Imaculado Coração de Maria fizeram uma homenagem à Ir. Miria Kolling, cantando uma composição sua, o hino dedicado ao Sagrado Coração de Maria, padroeira da Congregação.


Agenda

Missa de 7º dia de Ir. Miria Kolling
11 de maio, às 19h
Paróquia São José do Belém
Largo São José do Belém

 

 

 

Ir. Miria Kolling