Idosos e avós são ‘raízes das quais os jovens precisam’ para crescer

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A sabedoria dos idosos é necessária para que os jovens possam crescer e avançar.
Publicado em: 27/07/2023 - 12:45
Créditos: Redação

A sabedoria dos idosos é necessária para que os jovens possam crescer e avançar. No Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, celebrado no domingo, 23, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa e refletiu, entre outras coisas, sobre a conhecida parábola do joio e do trigo, conforme o Evangelho segundo Mateus (cf. 13,24-30).

A passagem bíblica conta o fato de que duas plantas podem crescer juntas em um mesmo campo, uma boa e uma ruim, mas quando elas estão mais maduras o agricultor precisa arrancar com cuidado o que há de ruim para deixar somente a planta boa crescer e frutificar. Nesse sentido, o Papa Francisco afirmou que na história humana “o bem e o mal estão entrelaçados de modo a parecer inseparáveis”.

É uma abordagem realista, mas não pessimista. “O cristão não é um ingênuo que vive no mundo das fábulas, que finge não ver o mal e diz que tudo vai bem”, comentou o Pontífice. Ao contrário, o cristão sabe que no mundo há trigo e joio, “e olha a si mesmo por dentro, reconhecendo que o mal não vem somente de fora, que não é sempre culpa dos outros, que não precisa inventar inimigos para combater”. Ele sabe que “o mal vem de dentro, na luta interior que todos temos”.

O relato do Evangelho, entretanto, não recomenda uma abordagem apressada, a de imediatamente arrancar o joio sem saber bem o que se está fazendo. “É um comportamento animado por boas intenções, mas impulsivo e até agressivo”, disse o Papa. Ao se tentar construir uma “sociedade pura” ou uma “Igreja pura”, corre-se o risco de arrancar o trigo junto com o joio. Cristo diz que as duas plantas precisam “crescer juntas”, enfatizou Francisco.

OLHAR ADIANTE

Em sua “pedagogia misericordiosa, nos convida a ter paciência com os outros, a acolher – em família, na Igreja e na sociedade – fragilidades, atrasos e limites, não para nos acostumarmos com isso, com resignações ou para justificá-los, mas para aprender a intervir com respeito, levando em frente, com mansidão e paciência, o cuidado do grão bom”, acrescentou.

Devemos procurar o melhor momento para agir, disse ele, e por isso os avós e idosos “que já fizeram um longo trecho de estrada na vida” podem orientar os mais jovens. Devemos deixar a Deus os julgamentos dos nossos erros do passado, completou Francisco, “e não viver de lamentos e remorsos”, mas, sim, encontrar em Deus sustento para seguir em frente.

“A velhice é um tempo abençoado também para isso: é a estação para se reconciliar, para olhar com ternura a luz que avançou apesar das sombras, na esperança confiante de que o grão bom semeado por Deus prevalecerá sobre o joio com o qual o diabo quis infestar o nosso coração”, disse.

O CAMPO DO CORAÇÃO

Durante a oração do Angelus, o Papa voltou ao tema e disse que é preciso “fazer limpeza no campo do nosso coração, o único sobre o qual podemos intervir diretamente”. No coração de cada pessoa também crescem joio e trigo. Trata-se de um “campo de liberdade”, que deve ser cultivado com sementes de bem. Um método diário eficaz é o “exame de consciência, que é ver o que ocorreu hoje na minha vida, o que tocou meu coração e quais decisões tomei”, recomendou Francisco.

Tudo isso também depende de como tratamos as pessoas que conhecemos e com as quais nos relacionamos, alertou. “É importante buscar, antes de tudo, a obra de Deus: aprender a ver nos outros, no mundo e em si mesmos, a beleza do que o Senhor semeou”, completou.