Fiéis rezam pelos cristãos perseguidos em missa na Catedral da Sé

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‘Vamos continuar lutando para que nossos irmãos e irmãs não sejam desfigurados em sua vida e dignidade’
Publicado em: 09/08/2023 - 14:15
Créditos: Redação

“Senhor Jesus, tendo sofrido com vossa família a perseguição opressora de Herodes, tornaste-vos, assim, refugiado em terra estrangeira, tendo compaixão de todos os cristãos que sofrem a mesma situação por amor a ti”.

A prece acima, feita durante a oração dos fiéis, na missa das 11h do domingo, 6, na Catedral da Sé, na festa da Transfiguração do Senhor, se deu no contexto da celebração do Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, promovido anualmente em 6 de agosto, pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos teve início em 2015 e faz referência à noite de 6 de agosto de 2014, quando cerca de 100 mil cristãos tiveram de abandonar suas casas na Planície de Nínive, no Iraque, expulsos pelos extremistas do grupo Estado Islâmico. Já na manhã seguinte, no do dia 7, a ACN mobilizou os benfeitores e iniciou campanhas e projetos para socorrer material e espiritualmente os perseguidos e refugiados.

Ao longo dos anos que se seguiram, a Planície de Nínive foi pacificada e os cristãos, aos poucos, têm retornado e reconstruído seus lares. Mas a iniciativa de oração ainda se faz necessária, não somente pelos cristãos nesta parte do mundo, mas por todos aqueles perseguidos em outros países como a Síria, Egito, Palestina, Nigéria, China, Índia Coreia do Norte e Nicarágua. Eles têm sido vítimas de ataques ostensivos, que não raro resultam em mortes, e sofrido com imposições que dificultam o seu direito a vivenciar e manifestar a fé no Cristo. 

DESFIGURADOS EM SUA VIDA E DIGNIDADE

A missa na Catedral da Sé, presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, também recordou a celebração, no Brasil, do Mês Vocacional

Na homilia, o Bispo ressaltou que toda a vocação é um dom, devendo cada cristão vivenciar a sua própria cotidianamente, “testemunhando e anunciando o Evangelho de Jesus Cristo”, mas também rezar por todas as vocações.

Dom Ângelo lembrou que a festa da Transfiguração do Senhor é ocasião de alegria pelo Cristo que vence a morte, de esperança de que todos um dia estarão na glória de Deus, e um convite para que cada batizado se esforce por tornar este mundo o mais próximo do projeto de Deus, “vencendo todas as formas do mal que desfiguram a vida humana – a morte, a violência, a agressão, a falta de justiça e de fraternidade, tudo o que desfigura o rosto humano”. 

“Vamos continuar lutando para que nossos irmãos e irmãs não sejam desfigurados em sua vida e dignidade”, exortou o Bispo, ao mencionar o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos.

A FORÇA DA ORAÇÃO

Na  conclusão da homilia, Dom Ângelo recordou que abril de 2015, durante a Semana Santa, esteve nos campos de refugiados cristãos no Iraque. À época, ele era o superior geral dos Rogacionistas.  “Nossos padres estavam no Iraque. Felizmente escaparam dos ataques, mas muitos irmãos perderam a vida. Eu posso testemunhar o que significa ser cristão perseguido. Eu estive naqueles campos de refugiados. Eram mais de 200 mil cristãos, que lá continuavam vivendo sua fé e o amor a Deus. Portanto, vamos hoje nos unir à ACN e rezar pelos cristãos em todos os continentes que continuam sendo perseguidos, mas que permanecem dando testemunho da sua vida”, enfatizou.

Antes da bênção final da missa,  Ana Cecília Giorgi Manente, presidente da ACN Brasil, falou aos fiéis sobre o panorama da perseguição aos cristãos em todo o mundo e pediu que se reze não apenas pelos perseguidos, mas também pelos que praticam os atos de perseguição para que deixem de fazê-lo. 

“Que neste dia da transfiguração, o Senhor possa se transfigurar para estes perseguidores dos cristãos.  E pedimos também a intercessão de São Paulo, que antes de se converter e ser este grande apóstolo, foi um perseguidor dos cristãos. Então, vamos rezar para que cada terrorista, que cada um daqueles que não conhece a Deus e não foi ainda tocado por Seu amor, possa, assim como Paulo, cair do cavalo, ser ‘cegado’ pela luz de Deus e ter seu coração transformado em um coração ardente, para se colocar em um outro caminho e não mais neste de perseguição e de devastação de tantas aldeias, vilas e vidas”, comentou, antes de iniciar a oração pelos cristãos perseguidos com a assembleia de fiéis.