Lc. 9,18-22

A leitura de hoje volta ao tema sobre a identidade de Jesus. As palavras e as ações de Jesus deixam o povo confuso a respeito de sua pessoa. O próprio governador Herodes manifestou interesse... Quem é esse homem? (Lc. 9,7-9) Hoje somos convidados a responder: Quem é Jesus para mim? Qual o nosso comentário a respeito da pessoa de Jesus? Vamos ao texto:

Lc. 9,18: Certa vez, Jesus estava rezando sozinho. Os discípulos estavam com ele. Então Jesus lhes perguntou: “Quem as multidões dizem que eu sou?”.

Lucas faz questão de salientar a importância da oração na vida de Jesus. É interessante observar que toda vez que Jesus deve tomar uma decisão importante, Ele recorre à oração: no batismo quando assume a missão (Lc. 3,21); nos 40 dias no deserto, quando vence as tentações com a luz da Palavra de Deus (Lc. 4,1-13); na noite antes da escolha dos doze apóstolos (Lc. 6,12); no horto quando enfrenta a agonia (Lc. 22,39-46); na cruz (Lc. 23,34. 46).

No seguimento de Jesus, a oração sustenta a caminhada cristã. Rezar é deixar Deus iluminar nossa vida e nossas decisões de cada dia. Santo Agostinho dizia: “Para ser um bom orador é necessário ser um bom orante.” Após o momento de oração, Jesus faz uma pergunta como que fazendo um levantamento a respeito do que o povo pensa de sua pessoa.

Lc. 9,19: Eles responderam: “João Batista; outros Elias; outros dizem que um dos antigos profetas, que ressuscitou”.

Como Herodes, muitos achavam que João Batista tivesse ressuscitado em Jesus. Era crença comum que o profeta Elias devia voltar (Mc. 9, 11-12). As respostas não eram totalmente ruins. Todas as referências eram boas e respeitáveis. Porém estavam erradas. Mas, era a opinião do povo... Em nossos dias, qual o conhecimento que o povo tem a respeito de Jesus?

Lc. 9,20: Disse-lhes então: “E vocês, quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “O Messias de Deus”.

Refletindo as perguntas feitas por Jesus, podemos concluir que Ele quer nos ensinar que existem duas formas de conhecê-lo: O primeiro é conhecer através daquilo que as pessoas falam a respeito dele. O segundo é conhecer o Senhor pelo nosso próprio esforço e vontade. Em outras palavras: Ter um encontro pessoal com Jesus.

O primeiro pode ser de grande ajuda para nos introduzir no caminho do conhecimento, mas o objetivo de todo seguidor de Jesus deve ser o de ter uma resposta formulada na convicção pessoal sobre a pessoa de Jesus. Vamos ao texto:

Lc. 9,21: Então Jesus os repreendeu e mandou que não contassem isso a ninguém...

Eles estão proibidos de revelar que Jesus é o Messias de Deus. Como entender isso? Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo, todos esperavam a vinda do Messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, outros como doutor, guerreiro, juiz, ou profeta.

Ninguém parecia estar esperando o Messias servidor, anunciado por Isaías. (Is. 42 1-9) Quem insiste em manter a ideia de Pedro, isto é, do Messias sem a cruz, nada vai entender e nunca chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Pedro entendeu isto mais tarde...

Lc. 9,22: ...e disse: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”.

A compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica, mas pelo compromisso prático, caminhando com Ele no caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém.

Hoje, muito se fala a respeito de Jesus. Falam coisas agradáveis: o Senhor é meu Pastor, O Senhor salva; o Senhor é rei; o Senhor vai me dar um carro novo; uma casa nova, prosperidade, saúde; Você não precisa sofrer nada nesta vida porque o Senhor já sofreu e morreu por você...

Nada de ruim na lista, porém, com o mesmo problema lá nos tempos de Jesus, muita coisa não corresponde... O Senhor quer de cada um de nós uma resposta pessoal. Não basta saber que Jesus é o Messias. É fundamental ter consciência de que seu projeto implica conflito com os poderes estabelecidos, religiosos e políticos que causam a injustiça.