Iniciação à vida cristã é uma ação continuada e prolongada no tempo

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16/07/2014 - 00:00

Querido leitor do Jornal O São Paulo, hoje proponho uma reflexão: você se tornou cristão de uma hora para outra? Ou percebe que o “tornar-se cristão” é um processo que ainda está se realizando? Como eu me torno verdadeiramente cristão?

Para que eu me torne um “novo homem”, para que eu pudesse “nascer de novo”, “nascer do alto”, foi preciso um itinerário, um caminho feito de várias etapa. Esse caminho é formado por diversos elementos: o anúncio da Palavra de Deus, o acolhimento do Evangelho, a conversão pessoal, a profissão de fé, o batismo, a confirmação e a eucaristia.

Além disso, para que eu “me torne cristão” muitas pessoas colaboram. Os pais que me apresentaram para o batismo, que me ensinaram os primeiros passos na fé, que me levaram à missa dominical, os catequistas que me preparam para a Primeira comunhão e para a Confirmação, os padres que atenderam as minhas confissões, os outros fiéis que rezaram por mim e deram bom testemunho de Jesus Cristo: todas essas pessoas me introduziram no “ser cristão”.

Eu não nasci cristão, eu me tornei cristão, ou melhor, eu me torno cristão todos os dias. E eu não me torno cristão sozinho, eu me torno cristão ao ser introduzido na comunidade dos filhos de Deus, ao receber da Igreja a fé que é professada, celebrada, vivida e rezada. Eu me torno cristão ao receber a vida cristã que me é transmitida pela Palavra de Deus, pelos sacramentos e pelo testemunho vivo dos outros fiéis de Cristo.

Iniciação à vida cristã é uma ação continuada e prolongada no tempo. Consiste numa sequência de ações (anúncio e catequese, diálogo e serviço, presença, testemunho e vida sacramental), ações essas que apresentamunidade e coerência entre si em vista de um fim que é o de fazer uma pessoa um discípulo e missionário de Jesus Cristo.

A Iniciação a vida cristã não se limita a transmissão de ideias, ao ensino de um código de ética e de doutrinas. Tudo isso é importante e não deve ser deixado de lado na iniciação a vida cristã. Mas é preciso ir muito além. Fazer da paróquia e da comunidade uma casa da iniciação à vida cristã implica em transmitir a Vida plena. Trata-se de uma transmissão vital da sabedoria e da identidade cristã, da geração de um novo ser e de uma nova Vida em Cristo.

Não devemos confundir nem reduzir a iniciação à vida cristã aos cursos de preparação para os sacramentos.  Os cursos de preparação são importantes na medida em que eles ajudam as pessoas a se encontrarem com Jesus Cristo, a partilharem a experiência cristã do mistério, a adquirem a capacidade de celebrar atenta, consciente e frutuosamente o mistério pascal.

É exatamente isso o que o XI Plano Arquidiocesano de Pastoral nos aponta como urgência evangelizadora e pastoral para este e para os próximos anos.

 

Artigo Publicado no Jornal O São Paulo desta Semana 14/07/2014

Iniciação à vida cristã é uma ação continuada e prolongada no tempo