Existem os anjos?

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12/08/2015 - 11:45

Existem os anjos? O que eles são? Qual é a missão deles?

Os parágrafos 325 a 336 do Catecismo da Igreja Católica tratam sobre os seres puramente

espirituais que são os anjos. Há duas atitudes extremas e opostas que devemos evitar: de um lado, a cética desconfiança em relação à existência real dos anjos, como se eles fossem mera invenção, própria de uma psicologia imatura, e, de outro, a fantasia exagerada e esotérica, que pretende conhecer uma infinidade de coisas sobre os anjos (seus nomes, a hora em que agem, o modo de invocá-los etc.).

A doutrina católica afirma a existência dos anjos, como “verdade de fé” testemunhada pela Escritura e pela Tradição (328), e a sua “criação do nada” (327). Especifica a identidade deles como criaturas espirituais, dotadas de inteligência e vontade e superiores às criaturas visíveis (330). Expõe a missão dos anjos como servidores e mensageiros de Deus e fiéis executores de suas ordens (329). Destaca e acentua a relação dos anjos com o mistério de Cristo (331). A centralidade de Cristo tem dois motivos: a) os anjos e toda a criação foram criados por meio Dele e para Ele; b) os anjos são mensageiros dos desígnios de salvação de Cristo.

Faz parte da nossa fé crer na existência dos anjos. A Bíblia dá testemunho sóbrio dessas criaturas celestes que se colocam como mensageiros entre Deus e os homens, sobretudo nos Evangelhos, nos quais os anjos são descritos com um papel bem definido. A Escritura e a Tradição nos falam somente o que precisamos saber sobre eles.

Os anjos são criaturas espirituais que dependem de Deus. Elas subsistem na plena identidade de sua condição puramente espiritual. Nesse sentido, eles não têm corpo e, por isso, não estão ligados às funções do corpo: eles não conhecem por meio dos sentidos do corpo (como acontece conosco), não têm instintos, não são masculinos nem femininos. A individualidade deles não procede da corporeidade. A perfeição dos anjos depende da proximidade ao Criador. Quanto mais próximos de Deus, tanto mais perfeitos. Não se trata, porém, de uma perfeição que coincida com a perfeição divina, uma vez que são

criaturas e receberam a existência de Deus. O ser deles é recebido e, por isso, eles não são eternos.

Os anjos são pessoas, mas diferente das pessoas humanas, não são pessoas compostas de alma e corpo. “Desde o seu começo até a morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. ‘Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida’. Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus” (Catecismo da Igreja Católica, nº 336).

Dom Julio Endi Akamine
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa;
nomeado arcebispo de Sorocaba (SP)

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO - edição 3064 - 12 a 18 de agosto