Guiados pelo Espírito Santo, (re)entramos no Tempo Comum

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10/06/2014 - 00:00

Celebramos no último Domingo, a Solenidade de Pentecostes. Chegamos, assim, “ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana”, o dia da Páscoa do Senhor (Jo 20,19), como nos ensina a Tradição da Igreja. Santo Atanásio, bispo e doutor da Igreja, que morreu em 373, pregava que esses dias entre a Páscoa e Pentecostes são celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou seja, “como um grande domingo”. A leitura do Evangelho anunciou como Jesus, manifestando-se ressuscitado na tarde do dia da Páscoa, tornou os discípulos participantes do seu Espírito Santo: soprou sobre seus discípulos – como fez Deus no princípio (Gn 2,7) – e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 19,22). Esse mistério está inserido no Projeto de Deus; foi sua vontade que “o mistério pascal se completasse durante cinquenta dias, até a vinda do Espírito Santo” (Oração do Dia).

As orações Depois da comunhão apontaram para o Tempo Comum, a ser vivido sob a ação do Espírito Santo; na Missa da Vigília, essa oração pedia, como fruto da participação eucarística, a graça de vivermos “sempre inflamados por aquele mesmo Espírito” que Deus derramou sobre os Apóstolos; por sua vez, na Missa do Dia, invocávamos Aquele que tinha enriquecido “a Igreja com os bens do céu” para que conservasse nela a graça que lhe havia dado e fizesse crescer nas pessoas que participaram daquela eucaristia “os dons do Espírito Santo” e, assim, a redenção se realizasse sempre mais em suas vidas.

Desta maneira, é sob a guia do Espírito Santo que a Igreja inteira e cada um de nós, membros desse “único corpo” (1Cor 12,13), retomamos a caminhada o Tempo Comum; retomamos porque ele já havia sido iniciado após a manifestação do Espírito Santo no Batismo do Senhor (esse ano, celebrado no dia 12 de janeiro). Agora, auxiliados e defendidos pelo mesmo Espírito, manifestado em Pentecostes, assumimos o cotidiano de nossas comunidade e de nossas vidas, em meio às dores e às alegrias que vão se apresentado de diferentes maneiras. Assumimos não sozinhos, mas no “Espírito de Deus”, que é o “Pai dos pobres” e nos envia do alto “um raio de luz”. Ele é “consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio”; nos trabalhos é “descanso, na aflição remanso, no calor aragem”. Certos de que “sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele”, confiantes, suplicamos: “Enchei, ó luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós! Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente. Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei. Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém” (Sequência de Pentecostes, cantada após a segunda leitura, na solenidade de Pentecostes).

Acolhamos corajosamente e cheios de confiança no Espírito Santo o cotidiano de nossas vidas, o nosso Tempo Comum.

 

+ Edmar Peron,Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Belém