Como eu amo, Ó Senhor, a Vossa Lei, Vossa Palavra!

A A
29/07/2014 - 00:00

O Concílio Vaticano II reconheceu que a Bíblia é fonte necessária para a Liturgia. É, pois, da Sagrada Escritura que a Liturgia: toma os textos que são lidos e, depois, explicados na homilia, e também os salmos para serem cantados; inspirados nela, surgiram na Igreja preces, orações e hinos litúrgicos; e nela, as ações e sinais da liturgia encontram o seu significado. Portanto, “para promover a reforma, o progresso e a adaptação da Sagrada Liturgia, é necessário desenvolver aquele suave e vivo amor pela Sagrada Escritura, que é confirmado pela venerável tradição, tanto dos ritos orientais como dos ocidentais” (Sacrosanctum Concilium 24). Isso quer dizer que, quanto maior for o amor pela Sagrada Escritura, melhor será a compreensão da Liturgia e mais autêntica a sua expressão ritual, ou seja, o nosso jeito de celebrar.

Dessa maneira, podemos compreender mais adequadamente a norma conciliar que mandou: restaurar, nas celebrações litúrgicas, “a leitura da Sagrada Escritura, mais abundante, variada e apropriada” (SC 35,1); favorecer “a celebração sagrada da Palavra de Deus” (SC 35,4); e preparar com maior abundância para os fiéis a mesa da Palavra de Deus, “abrindo largamente os tesouros da Bíblia, de modo que dentro de certo número de anos, sejam lidas ao povo as partes mais importantes da Sagrada Escritura” (SC 51).

Por isso, todas as nossas celebrações litúrgicas contém hoje uma Liturgia da Palavra como parte integrante das mesmas. Essas leituras, organizadas como estão no atual Elenco das Leituras da Missa, possibilitam aos cristãos “o conhecimento de toda a Palavra de Deus” de maneira gradual, conforme o desenvolvimento do ano litúrgico, apresentando passo a passo “os principais fatos e palavras da história da salvação”, que se torna sempre atual na ação litúrgica (Introdução ao Lecionário da Missa, 60-61). Esse Elenco de Leituras foi organizado para o Domingo e demais solenidades do rito latino, em um ciclo de três anos, apresentados em anos A, B e C. Sobre esse ciclo trienal, falaremos em outra oportunidade.

Empenhemo-nos, pois, com renovado ardor, para fazer resplandecer em nossas celebrações o “suave e vivo amor pela Sagrada Escritura”, como cantamos no Salmo Responsorial desse último domingo, o 17º do Tempo Comum, do ano A: “Como eu amo, Ó Senhor, a Vossa Lei, Vossa Palavra! O dia todo ela é a minha meditação (Salmo 118,97). Sim, o amor pela Palavra de Deus requer, sua leitura e meditação diárias, pois, como sabemos, o amor cresce e se solidifica se for cultivado dia após dia.

+ Edmar Peron,
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Belém