Vocacionados à santidade

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03/09/2015 - 09:15

No mês de agosto, tivemos oportunidade de lembrar e refletir sobre as diferentes vocações na Igreja. Foram lembrados os ministérios ordenados (episcopado, presbiterado e diaconato), a vocação para constituir família, os vocacionados à vida religiosa e os chamados aos ministérios não ordenados (catequistas, ministros extraordinários da Eucaristia e todas pessoas inseridas em outras tantas pastorais ou serviços da comunidade eclesial). Todas as vocações na Igreja têm o objetivo de tornar a comunidade dos discípulos e missionários de Jesus Cristo lugar de comunhão e de fraternidade. Além dessas vocações, existe uma vocação que é o denominador comum de todas as vocações: a vocação à santidade. Hoje se fala pouco em santidade, mas essa é a vocação de todo cristão e cristã.

Todos nós somos chamados à santidade em virtude de nosso Batismo. Os seguidores de Jesus, por meio do Batismo, se tornaram verdadeiros filhos de Deus e participantes da natureza divina; e por essa razão, verdadeiramente santos e santas (cf. LG 40). Essa semente ao ser semeada no coração de cada homem e de cada mulher deve produzir frutos que permaneçam para a vida eterna. Temos a certeza de que não nos faltará a graça de Deus nessa empreitada, graça esta que não dispensa o nosso esforço, a nossa participação, como manifestação da nossa vontade, o nosso querer. Queremos ser santos? Já é um bom começo. Pedimos a Deus o dom da santidade? É um passo a mais. O que importa é a santidade, e se existe alguma precedência entre os cristãos, essa é a santidade.

Como homens e mulheres de fé, nós encontraremos alegria, felicidade e paz por meio de um processo de nossa santificação que compreende amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, por causa Dele, como a nós mesmos. Sim, amar o próximo por causa de Deus. "Deus é amor e aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus nele" (1Jo 4,16). O amor está por trás de todos os meios de santificação e só se chega à santidade pelo amor. Todos nossos pensamentos e nossas ações devem ser informados pelo amor e se assim for nossa vida melhorará, porque nos libertaremos de muitos ídolos que nos escravizam e tiram o sono, e também melhorará nossos relacionamentos.

Os meios de santificação são colocados à nossa disposição por meio dos sacramentos e da Palavra de Deus. Nós cremos na força transformadora da Palavra de Deus e da Eucaristia.

Cabe aqui lembrar a exortação que São Paulo faz à comunidade de Filipos: "Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus" (Fl 2,5). Eis a chave da santidade. Se quisermos conhecer os sentimentos de Jesus Cristo, é preciso ler os Evangelhos, praticar os seus ensinamentos de nos amarmos uns aos outros.

Alegramo-nos com a Igreja que autoriza, a cada ano, a inscrição de novos beatos e beatas, santos e santas no seu calendário santoral, mostrando, assim, que a santidade não é coisa impossível, mas que cada um pode se santificar nos vários estilos de vida e no exercício de diferentes profissões. Lembremo-nos de que é com o nosso testemunho que nós transformamos o mundo, também chamado à perfeição.

Fonte: Edição nº 3066 do Jornal O SÃO PAULO – página 05