Caminhos da Iniciação Cristã (4) - Dom Tarcísio Scaramussa, SDB

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02/10/2014 - 00:00

A vida em comunidade é parte essencial do caminho de iniciação. O papa Francisco fala do desafio de “descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada” (EG, 87). E continua estimulando a trilhar este caminho como nova perspectiva de vida e como vivência de uma dimensão humana mais profunda, uma verdadeira libertação: “Como seria bom, salutar, libertador, esperançoso, se pudéssemos trilhar este caminho! Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos” (Idem).

O comprometimento com os outros deve ser um desdobramento natural da vida de fé. Uma prática religiosa intimista e isolada da comunidade, sem criar vínculos profundos e estáveis com os outros, “é um remédio falso que faz adoecer o coração e, às vezes, o corpo” (EG, 91). Precisamos encontrar a Deus no “rosto dos outros, na sua voz, nas suas reivindicações; e aprender também a sofrer, num abraço com Jesus crucificado, quando recebemos agressões injustas ou ingratidões, sem nos cansarmos jamais de optar pela fraternidade” (Idem).

A vida em comunidade se desenvolve também através da participação nos grupos, pastorais, associações e movimento da comunidade. Para os jovens, de modo especial, o grupo é espaço de iniciação e de vivência na fé. A comunidade precisa criar estes espaços para os jovens, pois eles não encontram habitualmente nas estruturas ordinárias “respostas para as suas preocupações, necessidades, problemas e feridas”. É um desafio para os adultos, ouvir com paciência e compreender as preocupações ou reivindicações juvenis, e principalmente aprender a “falar-lhes na linguagem que eles entendem”. O papa ressalta que o crescimento de associações e movimentos juvenis podem ser vistos como uma “ação do Espírito que abre caminhos novos em sintonia com as suas expectativas e a busca de espiritualidade profunda e dum sentido mais concreto de pertença” (EG, 105).

Outro desafio constante do trabalho de iniciação é consolidar esta participação nos grupos com o envolvimento das pessoas e dos grupos no “âmbito da pastoral de conjunto da Igreja” (Idem)

 

Artigo publicado originalmente no jornal O São Paulo - ed. n. 3004