A Trindade Santíssima de Deus (1)

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08/06/2015 - 16:15

 Solenidade da Santíssima Trindade vem nos recordar um dos principais mistérios de nossa fé: Deus é Uno (único) e Trino. Nós cremos no Pai, no Filho e no Espírito Santo, ao afirmarmos: Creio em um só Deus, em três Pessoas realmente distintas.

A história de Deus com a humanidade, no Antigo Testamento, representada pelo Povo de Israel, foi sempre uma história de gradual revelação do próprio Deus e uma história de salvação.

Toda a Trindade estava presente desde a criação e em cada manifestação e ação salvadora de Deus. Essa presença nem sempre se manifestava de maneira clara, mas tudo era ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O livro do Gênesis nos lembra de que no princípio, quando Deus criou o mundo, “o Espírito pairava sobre as águas” (Gn l,2). Por sua vez, o início do Evangelho de São João se refere à pessoa do Filho ao afirmar que “Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito” (Jo l,3). Sem dúvida, nós não teríamos acesso a esse mistério de maneira clara se Ele não nos fosse revelado pelo Filho de Deus, que se encarnou no seio da Virgem Maria, por ação e graça do Espírito Santo. “Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos, Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. No período final em que estamos, falou a nós por meio do Filho. Deus o constituiu herdeiro de todas as coisas e, por meio dele, também criou os mundos. O Filho é a irradiação da sua glória, e nele Deus se expressa tal como é em si mesmo” (Hb 1,1-3).

Conhecemos a intimidade de Deus que é Uno e Trino por Jesus Cristo: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9); “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,11). Com essas expressões, Jesus nos revela que há uma relação de paternidade e de filiação; Deus é Pai e também é Filho. Jesus também nos diz “que Deus é Espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em Espírito e verdade” (Jo 4,24). Fica para nós relativamente fácil entender as relações de paternidade e filiação.

Já a terceira pessoa da Santíssima Trindade nos é revelada como o Amor. O Espírito Santo se revela na Trindade como o próprio amor com que o Pai e o Filho se amam. Esse mesmo Espírito nos foi dado, quando Jesus retorna ao Pai. Podemos concluir a partir do que foi dito que as relações trinitárias são relações de amor. Existem entre as três Pessoas da Santíssima Trindade por meio da comunhão de amor.

Podemos também afirmar que a Trindade Santíssima é uma família (relação de paternidade e filiação). Isso traz consequências práticas para nós, criados à imagem e semelhança de Deus.

Nós só nos realizaremos em nossa vida no movimento de contínua saída de nós mesmos, para o encontro com os outros. Somos seres de relações e é por isso que vivemos em sociedade.

Na Trindade, a característica do relacionar-se é o amor. De igual modo, também a realização humana passa pelo amor, pelo respeito, solidariedade e pela sensibilidade para com as pessoas que cruzam a nossa vida.

Outra conclusão bem simples é que assim como existe a comunhão de pessoas na vida íntima da Trindade, deverá existir comunhão e amor em nossas famílias, que são espelho da família divina.

Por último, e não menos importante, é lembrar que quando nos unimos em oração numa assembleia convocada pelo Espírito (ação litúrgica), nossa oração é louvor à Trindade Santíssima de Deus. Dirigimo-nos ao Pai por meio de Jesus Cristo e no Espírito Santo.

 

Fonte: Edição nº 3054 do Jornal O SÃO PAULO – página 05