No Bom Retiro, uma igreja com vocação à acolhida

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<p>Essa Paróquia é um marco histórico para a cidade de São Paulo.</p>
Publicado em: 28/02/2014 - 09:45
Créditos: Jornal O São Paulo

Os católicos no Bom Retiro, no centro de São Paulo, vivenciaram nos últimos três anos os festejos do centenário da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, concluídos em 2 de fevereiro. Na igreja, confiada à Congregação dos Salesianos de Dom Bosco, foram feitas adequações e restaurações no templo e intensificadas ações pastorais no bairro, que surgiu com as famílias italianas, acolheu a migração judaica na metade do século 20 e atualmente é também morada de coreanos e migrantes latino-americanos.

“A Paróquia teve que se adaptar a essa multiculturalidade, que significa um desafio pastoral maior do horizonte de olhar para os migrantes. Isso é hoje um dos desafios, assim como o crescente número da população em situação de rua, de dependentes químicos oriundos da Cracolândia, além dos trabalhadores que vêm para o Bom Retiro”, analisou, ao O SÃO PAULO, o Pe. Sérgio Augusto Baldin, pároco há um ano.  Ele explicou que diante desse contexto tem se pensado na Catequese e na ação pastoral aos imigrantes e sido feitas missas voltadas aos trabalhadores.

 Acolher novos paroquianos e inseri-los nas ações é uma das marcas da Paróquia. Há 12 anos, Maria Aparecida Garcia, 64, mudou-se de Santo André (SP) para o Bom Retiro e passou a frequentar as missas. “O pessoal me viu cantando na assembleia. Um dia, os cantores não vieram e uma das irmãs religiosas apontou para mim e disse ‘aquela moça canta, vamos convidá-la’. E foi assim que passei a me envolver mais”, recordou a leiga, hoje ministra extraordinária da Sagrada Comunhão e autora do hino do centenário da Paróquia.

Maria de Fátima Mota Fernandes, 53, chegou à Paróquia na década de 1970, ainda adolescente. Ali se casou e educou os filhos na fé. Ela lembrou-se com saudade, que até o fim da década de 1990 havia um intenso envolvimento das famílias na festa de Nossa Senhora Auxiliadora. “Quando eu cheguei à Paróquia, havia mais pessoas que trabalhavam na igreja. Hoje o que acontece é que há poucas pessoas fazendo muita coisa”.

A esperança de renovação de liberação está nos jovens, a maioria proveniente dos trabalhos socioeducativos e cursos profissionalizantes do instituto Dom Bosco. Em 2010, Magda Alves, 20, ingressou no instituto e se encantou pelas semanas missionárias, protagonizadas pelo Grupo de Animação Missionária em comunidades distantes, e também pelo Domisal, um domingo de missão realizado nas férias do meio de ano, quando os jovens evangelizam pelas ruas e casas do Bom Retiro. “É bem mais difícil. As pessoas têm muito medo de assalto, não abrem a porta para qualquer um que bate, mas a gente tenta”, afirmou, complementando que a ação social dos jovens que participam do Instituto, “é o mínimo que podemos retribuir: dedicando nossa vida para ajudar a Paróquia”.

Para o Pe. Sérgio, a atenção aos jovens é uma urgência permanente. “A evangelização da juventude se torna desafio nessa realidade, temos que adaptar processos, rever o horizonte da iniciação cristã e tudo isso temos feito ao longo desse trabalho”, explicou.