Projeto Raquel: Esperança e misericórdia após o aborto

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Projeto Raquel ajuda mulheres que sofrem com as marcas profundas da Síndrome Pós-Aborto
Publicado em: 05/07/2016 - 17:45
Créditos: Redação

 “É Raquel que chora os filhos recusando ser consolada: porque já não existem”. (Jeremias 31,15)

Semear a esperança e levar a misericórdia de Deus às mulheres que fizeram um aborto, é uma das missões do Projeto Raquel. Através de um caminho de e perdão, o projeto ajuda essas mulheres a redescobrirem a esperança após o abortoEm entrevista ao Portal ARQUISP, a coordenadora do Projeto Raquel na Arquidiocese de São Paulo Sonia Maria de Oliveira Ragonha falou sobre o projeto que existe na Arquidiocese de São Paulo desde 2011.

“É uma rede de cura baseada na Misericórdia de Deus e é dirigido a mulheres, homens e seus familiares envolvidos com o aborto, tendo como ponto alto o encontro com Cristo no Sacramento da reconciliação, e consequentemente a outros sacramentos”.

O Projeto Raquel consiste em uma rede de pessoasentre médicos, psicólogos, sacerdotes, conselheiros leigos e outros –, que prestam ajuda a mulheres, homens e seus familiares que se envolveram com o aborto.

No Brasil, o Projeto está implantado em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Criado nos Estados Unidos, por iniciativa de Vicki Thorn, em 1984, à época diretora diocesana pró-vida de Milwaukee, no Estado de Wisconsin, o Projeto Raquel está presente também na Espanha, Nova Zelândia, Guatemala e Eslováquia.

Em 2011, Dom João Carlos Petrini, Presidente da Comissão para a Vida e Família da CNBB, e Dom Joaquim Justino Carrera, então bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana, acolheram o projeto junto com a Comunidade Unidos em Cristo.

O nome Raquel vem da passagem bíblica de Jeremias 31, 15-17: “Assim diz o Senhor:  Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo, Raquel chora seus filhos, não quer ser consolada, quanto aos filhos porque já não existem. Assim diz o Senhor. Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos, porque há esperança quanto ao teu futuro”.

Uma das principais características do Projeto é o sigilo, pois muitas mulheres que fizeram o aborto nunca revelaram esse fato para ninguém e precisam de muita discrição para poder contar suas histórias. “As histórias são as mais diversas. Na maioria das vezes, são de mulheres entre 45 e 50 anos. Em um desses casos, uma senhora de 72 anos procurou o Projeto, vivia com o peso de um aborto realizado cerca de 50 anos”, contou Sonia.

A cura pós trauma

Culpa, ansiedade, depressão, perda de sentimento afetivo- humano e tristeza são alguns dos sintomas pós aborto. Todos esses sentimentos, muitas vezes fazem com que essas mulheres não procurem ajuda.

 “Quando elas chegam aqui, elas se sentiam tristes, excluídas e muitas delas estavam afastadas da Igreja. Algumas até procuraram terapias, mas acabam vivendo este luto dentro delas por muito tempo”, destacou Sonia. Com quatro anos de existência em São Paulo, o Projeto Raquel atendeu cerca de 50 mulheres, para Sônia o número ainda é pouco, em relação ao número de mulheres que infelizmente fizeram um aborto.

De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Brasil mais de 8,7 milhões de mulheres com idade entre 18 e 49 anos já fizeram ao menos um aborto na vida. Destes, 1,1 milhão de abortos foram provocados.Segundo a coordenadora, em muitos casos as mulheres demoram mais de um ano após o aborto, para tomar coragem e procurar ajuda. “Porque até elas se recuperarem e mexer nessa ferida, para elas é muito difícil. Elas chegam machucadas, chegam sem saber como vão ser acolhidas, e quando percebem que é o amor e a misericórdia de Deus que as acolhe, elas saem daqui outras pessoas”.

Além da cura espiritual, por meio do sacramento da reconciliação, as mulheres também fazem acompanhamento psicológico, por meio de terapia. Para Sonia, a maior recompensa deste trabalho e missão, é ver as mulheres sendo restauradas e curadas, por meio do amor e da misericórdia de Deus.

Os Papas Falam Às Mulheres Que Sofreram Aborto

 "A Igreja está a par dos numerosos fatores que podem ter influído sobre a vossa decisão, e não duvida que, em muitos casos, se tratou de uma decisão difícil, talvez dramática. Provavelmente a ferida no vosso espírito ainda não está sarada. Na realidade, aquilo que aconteceu, foi e permanece profundamente injusto, mas não vos deixeis cair no desânimo, nem percais a esperança. Sabei, antes, compreender o que se verificou e interpretai-o em toda a sua verdade. Se não o fizestes ainda, abri-vos com humildade e confiança ao arrependimento. O Pai de toda a misericórdia espera-vos para vos oferecer o seu perdão e a sua paz no Sacramento da Reconciliação. Dar-vos-eis conta de que nada está  perdido, e podereis pedir perdão também ao vosso filho que agora vive no Senhor.

Ajudadas pelo conselho e pela solidariedade de pessoas amigas e competentes, podereis contar-vos, com o vosso doloroso testemunho, entre os mais eloquentes defensores do direito de todos a vida. Através do vosso compromisso a favor da vida coroando eventualmente com o nascimento de novos filhos e exercido através do acolhimento e atenção a quem está mais carecido de solidariedade, sereis ferramenta de um novo modo de olhar a vida do homem. " Papa João Paulo II, Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida)

Uma resposta às chagas do aborto e do divórcio

"A Igreja tem o dever primário de se aproximar destas pessoas com amor e delicadeza, com solicitude e atenção materna, para anunciar a proximidade misericordiosa de Deus em Jesus Cristo. De fato é Ele, como ensinam os Padres, o verdadeiro Bom Samaritano, que se faz nosso próximo, que derrama o óleo e o vinho sobre nossas chagas e que nos conduz à estalagem, a Igreja, na qual nos faz curar, confiando-nos aos seus ministros e pagando pessoal e antecipadamente pela nossa cura." Papa Bento XVI, Congresso Internacional “O óleo sobre as feridas”, 05 de abril de 2008.

Serviço:

Projeto Raquel ( Comunidade Unidos em Cristo)

Rua Gabriel Piza, 586– Santana – Telefone (11) 2579 4175

e-mail projetoraquel.saopaulo@gmail.com

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