‘Vivemos realmente uma experiência de Sínodo’

A A
O Santo Padre agradeceu a todos os participantes do Sínodo, e afirma que o encontro foi um caminho no qual o mais forte ajuda o mais fraco
Publicado em: 22/10/2014 - 10:30
Créditos: Edição nº 3024 do Jornal O SÃO PAULO – página 04

“Eu poderia tranquilamente dizer que – com um espírito  de colegialidade e de sinodalidade – vivemos realmente uma experiência de ‘Sínodo’, um percurso solidário, um ‘caminho  juntos’”. Assim afirmou o Papa Francisco no discurso proferido no encerramento dos trabalhos da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, no sábado, 18 de outubro.

No pronunciamento, o Santo Padre agradeceu a todos os participantes do Sínodo. “Com um coração pleno de reconhecimento e de gratidão, gostaria de agradecer, junto a vós, ao Senhor que nos acompanhou e nos guiou nos dias passados, com a luz do Espírito Santo!”.

De acordo com o Pontífice, o Sínodo foi “um caminho” e, como em todo caminho, houve “momentos de corrida veloz”, “momentos de cansaço”, e outros “momentos de entusiasmo e de ardor”. “Um caminho onde o mais forte sentiu o dever de ajudar o mais fraco, onde o mais esperto se apressou em servir os outros, mesmo por meio dos debates”, disse.

Francisco chamou a atenção para o que classificou como tentações humanas próprias desse processo: “querer fechar-se dentro do escrito (a letra) e não deixar-se surpreender por Deus”; “a tentação do ‘bonismo’ destrutivo, que em nome de uma misericórdia enganadora, enfaixa as feridas sem antes curá-las e medicá-las”; a tentação de “descer da cruz, para contentar as pessoas, e não permanecer ali, para realizar a vontade do Pai”; Negligenciar o depósito da fé, “considerando-se não custódios, mas proprietários ou donos” ou, por outro lado, “negligenciar a realidade utilizando uma língua minuciosa e uma linguagem polida para dizer tantas coisas e não dizer nada”.

“Pessoalmente, ficaria muito preocupado e triste se não houvesse estas tentações e estas discussões animadas”, afirmou Francisco, destacando que viu e escutou “com alegria e reconhecimento”, discursos e pronunciamentos “plenos de fé, de zelo pastoral e doutrinal, de sabedoria, de franqueza, de coragem: e de paresia”, mas salientou nunca foi colocado em discussão as verdades fundamentais do sacramento do Matrimônio: “a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a ‘procriatividade’, ou seja, a abertura à vida”. “Esta é a Igreja, a nossa mãe!”, disse o Papa, reforçando que quando a Igreja, na variedade dos seus carismas, se expressa em comunhão, não pode errar” e acrescentou que o Espírito Santo é “o verdadeiro promotor e garantia da unidade e da harmonia na Igreja”.

O Bispo de Roma também se referiu ao seu discurso no início da Assembleia, recordando que “o Sínodo se desenvolve cum Petro Et sub Petro (com Pedro e sob Pedro), e a presença do Papa é garantia para todos”.

Por fim, o Papa afirmou que ainda há um ano para amadurecer, “com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e encontrar soluções concretas às tantas dificuldades e inumeráveis desafios que as famílias devem enfrentar; dar respostas aos tantos desencorajamentos que circundam e sufocam as famílias”.

Fernando Geronazzo