Confissão: sacramento da reconciliação com Deus pelo ministério da Igreja

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Os aspectos teológicos e pastorais da confissão sacramental foram os temas da segunda aula do curso de extensão.
Publicado em: 28/06/2023 - 14:30
Créditos: Redação

Os aspectos teológicos e pastorais da confissão sacramental foram os temas da segunda aula do curso de extensão sobre o sacramento da Penitência (Confissão), na noite da segunda-feira, 19.

A formação on-line é promovida pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, ambas da Arquidiocese de São Paulo.

A aula foi ministrada pelo Padre Tiago Gurgel do Vale, Doutor em Bioética pelo Ateneo Pontifício Regina Apostolorum, em Roma, e professor das duas faculdades organizadoras do curso.

NECESSIDADE HUMANA

O Sacerdote iniciou a reflexão ressaltando que a reconciliação é uma necessidade de todo ser humano. Ele lembrou que o sacramento da Penitência diz respeito “à necessidade de reconhecer-se pecador, de obter o perdão de Deus, de corrigir-se e aperfeiçoar-se, de aproximar-se mais de Deus e de amar mais os irmãos, de prender-se mais na virtude e de vencer os maus hábitos”.

Para ilustrar tal experiência, o professor tomou a parábola bíblica do “filho pródigo”, na qual Jesus revela o amor misericordioso de Deus, representado pelo pai, a necessidade de conversão suscitada no pecador, representado pelo filho, e seu encontro com a misericórdia do pai.

A partir dessa reflexão, Padre Tiago destacou os três elementos essenciais que, unidos à absolvição, constituem o sacramento da Penitência: a contrição, a confissão e a satisfação.

CONTRIÇÃO

“A contrição é o princípio e o fundamento da conversão cristã e dela depende sua sinceridade e eficácia. É o ato mais profundamente humano, que reconstrói no interior humano aquilo que o pecado destrói. É o que ilumina e nutre a nova criatura que se dispõe a viver com um espírito renovado”, explicou o professor.

O Sacerdote salientou, ainda, que, no ato de contrição, a Teologia católica não vê apenas a consciência de pecado, mas um movimento interior de dor e de detestação do pecado cometido, que traz consigo a avaliação do pecado como mal moral e ação culpável que é preciso apagar e evitar posteriormente. Por isso, recordou que a contrição não pode ser entendida como mera dor, remorso ou sentimento de arrependimento pelo mal cometido, mas “o reconhecimento interior da falta cometida, com vontade de correção”.

CONFISSÃO

O passo seguinte é a confissão ou a acusação dos pecados, quando o penitente manifesta diante do ministro da Igreja aquilo que considera culpável. Nesse aspecto, Padre Tiago sublinha que a confissão é um ato eclesial, isto é, a pessoa expressa diante da Igreja, representada pelo sacerdote que age na pessoa de Cristo, sua consciência humilde do pecado e seu arrependimento sincero. Em outras palavras, “a confissão liberta a contrição de sua privacidade ou ocultação interior”.

É por essa razão – explicou o professor – que a confissão dos pecados não pode ser feita “diretamente para Deus”, pois não é essa expressão humilde do reconhecimento do pecado diante de Cristo, por meio da Igreja, que sacramentalmente perdoa e concede a graça que dá forças para não tornar a pecar.

SATISFAÇÃO

Já a satisfação é a penitência indicada pelo sacerdote, como forma de reparar o dano causado pelo pecado, dar graças pelo perdão recebido e renovar o propósito de não pecar novamente. Padre Tiago, contudo, reforça que essa obra penitencial não é causa condicionante da reconciliação, mas sinal do verdadeiro arrependimento.

“A satisfação está relacionada com a necessidade de que o penitente realize uma ação séria, comprometida e generosa que tende a desfazer a obra do pecado e a refazer a obra da graça, isto é, a levar adiante a obra da conversão”.

ABSOLVIÇÃO

As fontes bíblicas enfatizam que somente Deus perdoa os pecados e, em virtude de sua autoridade divina, Cristo Ressuscitado transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.

Participantes do sacerdócio de Cristo, os bispos e padres recebem este ministério de perdoar os pecados in persona Christi (na pessoa de Cristo). Uma vez que os sacramentos são sinais visíveis e eficazes da graça divina e invisível, capazes de produzir por si aquilo que significam, na Confissão sacramental, o perdão dos pecados se dá de forma objetiva e confirmada pelo ministério da Igreja.

O mistério deste sacramento pode ser compreendido pelas palavras da fórmula sacramental de absolvição proferida pelo sacerdote conforme o rito católico:

“Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo Consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.