Nossas famílias dizem não à ideologia de gênero

A A
13/10/2016 - 16:00

Há alguns dias, em votação na Câmara Municipal de São Paulo, os vereadores da Capital rejeitaram - com expressiva maioria de votos - a inclusão da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação. O texto aprovado ainda deverá passar pela sanção do Prefeito.

Zelando pela sadia formação de seus filhos, milhares de famílias mobilizaram a opinião pública para defender o direito dos pais em definir uma educação de qualidade para seus filhos.

O Papa Francisco, reiteradamente, tem alertado sobre esse assunto. Vejamos, por exemplo, o que dizia numa de suas audiências sobre o matrimônio: “pergunto-me se a chamada teoria do gênero não é também expressão de uma frustração e resignação, que visa cancelar a diferença sexual porque já não sabe confrontar-se com ela. Sim, corremos o risco de dar um passo atrás. Com efeito, a remoção da diferença é o problema, não a solução” (audiência geral, 15/04/2015).

Na sua recente encíclica Laudato sí’, o Papa também se refere ao assunto ao falar da diferença sexual no contexto da ecologia humana: “Aprender a aceitar o próprio corpo, a cuidar dele e a respeitar os seus significados é essencial para uma verdadeira ecologia humana. Também é necessário ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade, para se poder reconhecer a si mesmo no encontro com o outro que é diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente. Portanto, não é salutar um comportamento que pretenda ‘cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela’”.

A ideologia de gênero traz também diversos inconvenientes para a educação nas nossas escolas: 1) a confusão causada nas crianças no processo de formação de sua identidade, fazendo-as perder as referências; 2) a sexualização precoce, na medida em que a ideologia de gênero promove a diversidade de experiências sexuais para formação do próprio “gênero”; 3) a banalização da sexualidade humana, dando ensejo ao aumento nos índices de violência sexual; 4) a usurpação da autoridade dos pais em matéria de educação de seus filhos, principalmente em temas de moral e sexualidade, já que todas as crianças seriam submetidas à influência da citada ideologia, muitas vezes sem o conhecimento e o consentimento dos pais.

Encerro enfatizando uma verdade há muito conhecida, mas que parece esquecida: a família é a instituição educadora por excelência. A escola exerce um papel fundamental, sem dúvida, tanto do ponto de vista da formação integral quanto da socialização. Mas é a família, no clima de amor e afeto, que transmite às crianças os valores fundamentais e oferece as condições necessárias para o seu sadio amadurecimento. Portanto, o maior investimento na educação é o fortalecimento das famílias e a ajuda aos pais, para serem protagonistas na formação de seus filhos.

Dada a importância do assunto, o Vicariato para a Educação e a Universidade promoverá um Seminário de Bioética, em que três especialistas farão uma análise crítica da Ideologia de Gênero, em seus  fundamentos antropológicos, biológicos e morais. O evento, dirigido a pais de família, professores e educadores, será realizado no dia 26 de setembro, sábado, das 8h30 às 12h30 no auditório do Colégio Madre Cabrini (rua Madre Cabrini, 36, na Vila Mariana, em São Paulo). 

Dom Carlos Lema Garcia

Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade