Igreja que crê em saída, como discípula e missionária

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Além de celebrar os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, comemoramos os 10 anos da Conferência de Aparecida. Como estes eventos influenciam a nossa evangelização?
Publicado em: 01/09/2017 - 14:00
Créditos: Pe. José Ulisses Leva
Enquanto a Igreja Católica no Brasil se prepara para celebrar alegremente as festividades, por ocasião da Celebração dos 300 anos do Encontro do povo brasileiro com Maria Santíssima, na invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Igreja de Cristo Jesus, presente na América, recordou os 10 anos da V Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano e do Caribe, ocorrido na cidade de Aparecida, entre 13 a 31 de maio de 2007. O Papa Bento XVI, ainda como cardeal, em 1996, no Encontro de Presidentes de Comissões Episcopais da América Latina para a Doutrina da Fé recordava-nos “Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, na qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez.” (DAp. Introdução, nº 13).
 
A Carta Apostólica, Novo Millenio Ineunte, de São João Paulo II, de 06 de janeiro de 2001, recordava-nos que “A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo.” (NMI, nº 28-29). Lembrava-nos o Papa Bento XVI, na sua Carta Encíclica, Deus Caritas est, de 25 de dezembro de 2005, “... não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva.” (DCE, nº 1). “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5). “Vós não precisais ter medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito” (Mt 28,5-6). A Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo nos adianta sobre a nossa Páscoa definitiva, na Jerusalém celeste. A Igreja, mesmo sofrendo ameaças e passando por provações e sofrimentos em muitas partes do mundo, há mais de 2000 anos, celebra com profunda alegria a Paixão, Morte e Ressurreição do Altíssimo Filho de Deus, que por nós morreu na cruz para nos salvar.
 
Na homília, por ocasião do solene início do Ministério Petrino, como Bispo de Roma, em 24 de abril de 2005, o Papa Bento XVI, assim se pronunciou “Não temam! Abram, abram de par em par as portas a Cristo! [...] Não tenham medo de Cristo! Ele não tira nada e dá tudo. Quem se dá a ele, recebe cem por um. Sim, abram, abram de par em par as portas a Cristo e encontrarão a verdadeira vida.” (DAp. Introdução, nº 15). Em tempos de celebrações da Igreja no Brasil e fazendo memória da V Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano e do Caribe, como estamos evangelizando? Qual é a centralidade da nossa pregação? Cremos na Trindade Santa? Cremos que Jesus Cristo seja, verdadeiramente, Salvador e Redentor?
 
Por ocasião da V Conferência em Aparecida, os bispos da América Latina e Caribe, assim insistiram “Neste encontro com Cristo, queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com o tesouro do Evangelho. Ser cristão não é uma carga, mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo seu Filho, Salvador do mundo” (DAp, nº 28). Necessitamos sempre de um novo Pentecostes (At 1, 12-14; 2, 1-11), e mergulhados no Espírito Santo, devemos proclamar com entusiasmo o Evangelho da Vida. Os bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida, recordaram-nos que a missão da Igreja é evangelizar. “No Evangelho aprendemos a sublime lição de ser pobres seguindo a Jesus pobre (cf. Lc 6,20; 9,58), e de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje, sem colocar nossa confiança no dinheiro nem no poder deste mundo (cf. Lc 10, 4 ss). Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho”. (DAp. Nº 31).
 
Seja Maria Santíssima, mãe e discípula, a nos orientar no caminho que nos leva a seu Filho e nosso Salvador, Cristo Jesus. “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1, 38). Seja a celebração do Encontro com a Bem Aventurada Virgem Maria com o povo brasileiro, um sair de nós mesmos em direção ao Redentor, como Igreja missionária. “Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá! Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel”. (Lc 1, 39). Sejamos, pois, discípulos e missionários, quando recordamos os 10 anos da Conferência do Episcopado, presente e atuante, na América Latina e no Caribe, ocorrido em Aparecida.
 
Pe. José Ulisses Leva
Prof. de História da Igreja da PUC SP