Como viver o Ano da Misericórdia

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16/12/2015 - 11:00

Cada dia, estou me tornando cada vez mais "fã" do Papa Francisco. Lendo a Bula do Ano da Misericórdia, de verdade um sentimento de profunda alegria entrou para fazer parte da minha vida. Sempre amei a misericórdia, mesmo não sendo sempre misericordioso. E quem me ensinou a amar a misericórdia foram os santos do Carmelo, especialmente Santa Teresa d'Ávila, que começa o seu livro da Vida; dizendo: "cantarei as misericórdias do Senhor”. E em todos os seus escritos, repete mais de cem vezes a palavra misericórdia. Para ela, a descoberta de um Deus perto, amável e amado, que se revela na humanidade de Jesus, que ela chama "de bom amigo, companheiro, salvador”. Jesus nos compreende e nos ama. Teresa d'Ávila recusa um Deus longínquo e distante da vida. E a outra carmelita que me ajudou a compreender a misericórdia de Deus é Teresa do Menino Jesus, que recusa em se oferecer vítima à "justiça de Deus", mas se oferece vítima à misericórdia de Deus.

A Bula do Papa "O rosto da misericórdia" inicia com uma expressão que tem uma força única e que não podemos jamais esquecer: "Jesus é o rosto da misericórdia do Pai". Mas onde encontrar o rosto de Jesus? Nós encontramos o rosto de Jesus que revela a misericórdia do Pai em todas as pessoas que sofrem que lutam em favor da vida, que por amor à vida são marginalizadas e vivem nas periferias existenciais do mundo, de hoje e de sempre. No número dois da Bula, o Papa diz uma verdade das mais belas que nos ajuda a viver este ano: "a misericórdia é fonte de alegria, de paz e de serenidade". Essas três virtudes indicam que devemos viver no dia a dia com calma e com amor.

Aproximemo-nos ao trono da misericórdia de Deus para beber com abundância desta água viva e depois sairmos por aí para comunicar a todos o amor, a ternura, a bondade. A força da conversão, pode ser que eu esteja errado, não são os livros de teologia, os discursos sobre a "a etimologia" da palavra misericórdia, qual é sua raiz latina, hebraica e por aí vai. Nada disso. É revestir-nos do manto da misericórdia e da ternura e para sempre em nosso caminho encontrarmos alguém que sofre e que pede ajuda. Uma misericórdia que não ajuda quem sofre é filosofia e teologia, que não serve para nada e para ninguém. Nunca matou a fome de ninguém o falar de pão.

Fonte: Edição 3081 do Jornal O SÃO PAULO – página 05