Igreja sinodal, Igreja ‘em saída!’

A A
19/03/2019 - 12:00

Igreja sinodal, Igreja ‘em saída!’

Tendo como foco a realização das assembleias do sínodo nas regiões episcopais e vicariatos ambientais da Arquidiocese de São Paulo, é importante que tenhamos, como pauta de reflexão, o “espírito” substancial do próprio sínodo como “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”.

Assim, para assimilar o “espírito” substancial do sínodo arquidiocesano:

1) Devemos ter a profunda consciência de que a imagem da Igreja “em saída” não indica um projeto de estratégia eclesial, mas, sim, indica qual é a natureza própria da Igreja, assim como o próprio Cristo a constitui. É a Igreja que assume o compromisso de tornar presente e operante o fermento, o sal, a luz do Evangelho nos diversos contextos da sociedade, nas periferias geográficas e existenciais da humanidade. É a Igreja que é fiel ao mandato do Senhor: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos”(Mt 28,19). É a Igreja que se deixa “atrair” pelo próprio Cristo para sair de si, para não ficar inclinada sobre si mesma, para sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar a todos os que precisam da luz do Evangelho (cf. Evangelii Gaudium EG, 20).

2) Saibamos que no “ide” de Jesus estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova “saída” missionária que deve se realizar sem demora, sem repugnância e sem medo (cf. EG 20 e 23).

3) Por fim, a imagem da Igreja “em saída” nada tem a ver com algum tipo de projeto missionário sofisticado, Não se trata de inventar nada, mas simplesmente de viver, de modo frutífero e criativo, os gestos e práticas mais comuns da vida eclesial, de viver de “maneira missionária todas as atividades mais comuns da Igreja, a partir do cuidado pastoral dos sacramentos. Daí a interpelação do Papa Francisco para uma “pastoral em conversão”, para uma “renovação eclesial inadiável”, na qual a opção missionária seja capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo do que à autopreservação da própria Igreja (cf. EG 25-27).

Diante desses três pontos de nossa reflexão que indicam o “espírito” substancial do sínodo arquidiocesano, assim, como o apóstolo São Paulo, perguntamos: “Que devo fazer, Senhor?” (At 22,10) para que a Igreja em São Paulo seja cada vez mais uma Igreja “em saída”, uma Igreja em permanente estado de missão?

Esse foi o propósito das assembleias paroquiais do sínodo (2018), e é o propósito das assembleias regionais do sínodo (2019), para que tudo desencadeie na assembleia sinodal arquidiocesana em 2020.

Assumamos esse empenho, pois se “a cidade de São Paulo recebeu a semente do Evangelho de santos missionários”, agora “Chegou a nossa vez! É missão de todos nós! Boa Nova de Jesus, à cidade anunciar!” (Hino do sínodo arquidiocesano).

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos 

Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesano

(Fonte: Edição 3239, do jornal “O São Paulo”, de 13 de março a 19 de março de 2019, p. 4).