Sínodo arquidiocesano e a evangelização da cultura urbana

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19/02/2020 - 13:15

Sínodo arquidiocesano e a evangelização da cultura urbana

A pergunta principal que orientará os trabalhos da assembleia sinodal arquidiocesana é “o que devemos fazer?"

Estamos próximos da abertura dos trabalhos do terceiro ano do sínodo arquidiocesano, que ocorrerá em 29 de fevereiro, sábado, às 15h, na Catedral da Sé. O grande acontecimento eclesial de 2020 da Igreja em São Paulo será a realização da assembleia sinodal arquidiocesana, desdobrada em sete sessões de trabalho, ao longo do ano, que constituirão passos para se chegar a um conjunto consistente de propostas a serem aplicadas na etapa pós-sinodal na Arquidiocese de São Paulo.
A pergunta principal que orientará os trabalhos da assembleia sinodal arquidiocesana é “o que devemos fazer?”, tendo em vista o propósito do sínodo, que inclui a “conversão e renovação missionária” de nossa Igreja, a fim de que nos tornemos mais e melhor uma “Igreja em saída”, em “estado permanente de missão, uma Igreja com novas atitudes e práticas missionárias”. 
Por outro lado, não podemos ignorar que a “questão” central é a vida e a missão da Igreja na cidade, no seu empenho de evangelizar a cultura urbana em todas as suas dimensões, com seus desafios e possibilidades.
Assim, busquemos algumas “luzes” nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil  (DGAE) 2019-2023, para que iniciemos nossa reflexão sobre a “questão” central em pauta que deverá, sem dúvida, nortear a assembleia sinodal arquidiocesana.

Ao contemplar a realidade da cidade com seus inúmeros desafios, a Igreja em São Paulo identifica de imediato muitas formas de sofrimento: a pobreza, o desemprego, as condições precárias de trabalho, saúde, educação e habitação, a devastação ambiental, a falta de saneamento básico e de convivência, a violência e a solidão. Também, de imediato, identifica-se uma forte crise da moral e da ética e a fragilização da fé, da esperança, de uma autêntica vida cristã em comunidade e do compromisso profético com a transformação da própria realidade segundo o desígnio de Deus (cf. DGAE 2019-2023, 30).
Neste sentido, quando a Igreja fala em evangelização da cultura urbana, tem clareza de que “não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa (sem ignorar a necessidade do anúncio explícito da pessoa de Jesus e do Evangelho), mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade (da cidade), que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (Evangelii Nuntiandi, EN, 19). (cf. DGAE 2019-2023, 31).

Aqui, então, podemos mencionar algumas dimensões que deverão ser consideradas, com muito carinho, pela assembleia sinodal arquidiocesana:

Dimensão Fé e Cultura, Fé e Educação em todos os seus âmbitos;
Dimensão Fé e Política, Fé e Políticas Públicas, Fé e Saúde;
Dimensão Fé e Ecologia integral, tal qual o Papa Francisco nos interpela na sua Encíclica Laudato Si’.

Para tal empenho evangelizador, nossa Igreja arquidiocesana, sobretudo a partir de suas comunidades e paróquias, deverá, sem dúvida, investir muito na formação do seu laicato e, com uma renovada atitude missionária e evangelizadora, motivá-lo a ser “sal e luz” no campo missionário da evangelização da cultura urbana.

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos – Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano