No espírito do caminho sinodal arquidiocesano de São Paulo!

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21/02/2019 - 09:45

No espírito do caminho sinodal arquidiocesano de São Paulo!

Igreja é “em Cristo” “o Povo de Deus”. Ela pertence a Cristo. Para explicar esse relacionamento
íntimo da Igreja com Cristo, São Paulo dá uma definição muito específica e significativa à Igreja – ela é o Corpo de Cristo. Assim, a Igreja é concebida como um “organismo vivo”, cujos membros são unidos, relacionados e interdependentes que formam um só corpo. Os membros têm funções diversificadas, mas, mesmo assim, tudo converge para a unidade, comunhão, corresponsabilidade e cooperação. A expressão “corpo de Cristo”, portanto, significa que na Igreja Cristo está presente e se manifesta para o mundo.
A missão da Igreja, como “corpo de Cristo”, é viver a unidade no amor, a comunhão fraterna como Cristo pediu no Evangelho, e tornar visível a todos o próprio Cristo, sobretudo, na sua ação pastoral. Diante da magnitude desta expressão eclesiológica, a Igreja Particular de São Paulo, em caminho sinodal, é chamada a se perceber como uma Igreja que vive um momento de grandes e novas interpelações e que deseja a elas responder com tudo o que tem e o que é. Por outro lado, a Igreja em São Paulo é chamada a compreender que essa resposta não pode ser dada a partir dela mesma, mas somente a partir de Jesus Cristo e de seu Evangelho, que é a fonte de vida e existência da Igreja que somos. Daí, no caminho sinodal arquidiocesano de São Paulo, focar um atento olhar à Igreja que Jesus quer que sejamos. Nesse sentido, ouso sublinhar “quatro notas” que podem nos iluminar acerca do que Jesus espera que, cada vez mais, sejamos como Igreja na cidade de São Paulo.

1. Uma Igreja Povo de Deus, Povo que sai em missão. Uma Igreja de discípulos missionários: definir a Igreja como Povo de Deus é uma tarefa urgente e necessária para os desafios eclesiais e pastorais que nos são apresentados hoje, pois implica o envolvimento e a participação na missão evangelizadora de todos nós que, pelo Batismo, fomos incorporados a Cristo e assumimos o seu papel na ação evangelizadora da Igreja, cada qual à sua maneira e com seu carisma, na qualidade do serviço que nos foi confiado, mas todos sem exceção na mesma dignidade batismal (cf. LG 32).
2. Uma Igreja que se antecipa, que dá o primeiro passo: a profunda vivência do Evangelho faz com que a Igreja tome a iniciativa de sair de seu comodismo, de sua segurança, de sua zona de conforto e, com obras e gestos, se lança à missão entrando na vida diária dos outros e assumindo a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Os evangelizadores contraem assim o “cheiro das ovelhas” e as ovelhas escutam sua voz (cf. EG 24).
3. Uma Igreja dos pobres: A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (DAp 31), manifestando-se em opções e gestos concretos de escuta dos pobres, de dedicação e acompanhamento deles nas horas mais difíceis (DAp 397). A Igreja deve ser sempre mais a “casa dos pobres de Deus” (DAp 524).
4. Uma Igreja que não sustente em si mesma uma pastoral de conservação e manutenção, mas se lance a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho (EG 20).
Assim, comecemos a encaminhar os trabalhos do sínodo arquidiocesano de São Paulo nas regiões episcopais.

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos
é Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesano