Igreja da Trindade Santa: Comunhão e Missão

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06/02/2020 - 12:30

Igreja da Trindade Santa: Comunhão e Missão

A Comissão de coordenação geral do primeiro sínodo arquidiocesano de São Paulo realizou, na sexta-feira, dia 31 de janeiro, sua primeira reunião do terceiro ano do sínodo, cujo empenho é a realização da assembleia do sínodo da Igreja em São Paulo. Na reunião foi aprovado o “Instrumento de trabalho”, que contém o Regulamento do terceiro ano do sínodo e os roteiros das sete sessões da assembleia sinodal arquidiocesana.

O momento é de preparação, oração, reflexão e comprometimento eclesial, a fim de que a assembleia do sínodo alcance o seu objetivo essencial: “que toda a Igreja em São Paulo assuma, com ardor, o caminho de comunhão, conversão e renovação missionária e se organize para a sua ação evangelizadora na cidade”.

Nessa linha, é constante a pergunta: o que devemos levar em conta, para que tenhamos um “eixo” de reflexões que colabore com a assembleia do primeiro sínodo arquidiocesano?
No artigo anterior desta coluna, enfatizamos a “sinodalidade” como dimensão constitutiva da Igreja, pois indica o específico modo de viver e operar da Igreja Povo de Deus que manifesta concretamente o “ser comunhão” no “caminhar juntos” e no “participar todos” ativamente da missão evangelizadora.

Assim, em continuidade, destacamos aqui um segundo elemento para reflexão.

A Igreja tem consciência de ser “uma presença diferente no mundo”, “uma presença diferente na cidade”. Ela sabe que está no mundo, mas não é do mundo (cf. Jo 17,14). Sua raiz é o mistério insondável do Pai, que, por Cristo e no Espírito Santo, quer que todos os homens e mulheres participem de sua vida infinita e eterna comunhão, na liberdade e no amor, vivendo como filhos e filhas, irmãos e irmãs (cf. Lumen Gentium 2-4 e Ad Gentes 2-4). Por isso, o Concílio Vaticano II nos ensina que a Igreja não é simplesmente uma “sociedade” ao lado de outras, mas um “mistério de comunhão”: “Este é o sagrado mistério da unidade da Igreja, em Cristo e por meio de Cristo, enquanto o Espírito Santo opera a variedade dos dons. O supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade, nas pessoas de um só Deus o Pai e o Filho no Espírito Santo, na Trindade de Pessoas” (Decreto Unitatis Redintegratio 2).

Nunca é demais recordar e insistir que a Igreja é, em primeiro lugar, um “mistério de comunhão” que reflete, com as limitações de seus membros e as limitações do tempo e do espaço, o mistério da comunhão trinitária. Esta é a fonte da vida e da missão da Igreja, modelo de suas relações, motivo de sua missão e meta última de sua peregrinação.

Na cidade, a Igreja tem como essencial missão viver este sagrado mistério de comunhão pelo qual adquire o impulso e o ardor missionário de atrair todos ao amor e à misericórdia de Deus. 

Pe. José Arnaldo Juliano dos Santos - Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano