A vida cristã requer a vinculação do fiel à comunidade da Igreja!

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06/12/2019 - 15:30

A vida cristã requer a vinculação do fiel à comunidade da Igreja!

Um dos eixos fundamentais da missão evangelizadora da Igreja na cidade começa, sem dúvida, pelo testemunho de vida cristã em meio à complexa cultura urbana atual e pelo anúncio explícito da pessoa de Jesus Cristo e seu Evangelho. 
No entanto, o anúncio só adquire inteiramente a sua dimensão quando for ouvido, acolhido, assimilado e quando tiver feito brotar, naquele que o recebeu, uma adesão do coração às verdades que o Senhor, por misericórdia, revelou. Uma adesão ao programa de vida – vida doravante transformada – que o Senhor propõe; adesão ao Reino, ao “mundo novo”, ao novo estado de coisas, à nova maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho inaugura. Tal adesão, que não pode permanecer abstrata e desencarnada, manifesta-se concretamente por uma entrada visível numa comunidade de fiéis, que é sinal da transformação e sinal da novidade de vida – esta é a Igreja, sacramento visível da salvação. Assim, aquele que acolhe o Evangelho como Palavra que salva o traduz nestas atitudes sacramentais: adesão à Igreja, aceitação dos sacramentos que manifestam e sustentam esta adesão, pela graça que eles conferem (cf. Exortação Evangelii Nuntiandi, 23).
Aqui está o primeiro grande desafio missionário evangelizador da Igreja na cidade: promover a consciente adesão, vinculação, inserção do fiel cristão à comunidade da Igreja, por meio de laços próprios com uma comunidade eclesial de “pertença”, que vai da família cristã, comunidade pequena e importante que está na base da Igreja, à paróquia e à Arquidiocese.
Sem que isso aconteça, não teremos comunidades missionárias, comunidades de discípulos de Jesus que tenham o ardor da fé, da esperança e da caridade.
Esta é a primeira questão que deve ser contemplada, refletida e discernida pela assembleia sinodal arquidiocesana de São Paulo, em 2020, a fim de que elucidemos a respeito do primeiro passo da renovação missionária, a ser realizada pela Igreja em São Paulo.
Entre nós, o desafio é grande, pois estamos numa das maiores cidades do mundo, e, em meio à complexidade da própria cidade, corremos o risco de traçar caminhos pastorais genéricos, que podem até apresentar uma aparência organizativa de grande visibilidade, mas que se tornam ineficazes para uma evangelização de fato, assim como pede a Igreja no momento.
O Papa Francisco adverte: “A Igreja em saída é uma Igreja de portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa sair pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de lado a ansiedade, para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou à beira do caminho” (Exortação Evangelii Gaudium, 46).
Assim, o primeiro eixo de pastoral em chave missionária a ser contemplado é, sem dúvida, o de edificar comunidades missionárias, nas quais cada fiel cristão se sinta pertencente à Igreja de Cristo e que cresça no discipulado, a fim de que, impulsionado pelo Espírito Santo, se coloque em saída missionária, com a Igreja, em direção às periferias humanas da cidade.

Pe. José Arnaldo Juliano dos Santos - Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano