Dom Rogerio Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e Vigário Episcopal para a Região Sé, visitou na terça, 26 de julho, a partir das 8h, os Projetos da Rede Rua, uma associação que atende à população de rua na cidade de São Paulo. O projeto liderado por leigos e religiosos conta com o apoio das Congregações do Verbo Divino, Servas do Espírito Santo, Irmãs da Santa Cruz, Sagrada Família de Bordeaux, Missionarias da Imaculada; irmãs, padres e leigos de Maryknoll, Orionitas e Salvatorianas.

A visita teve início na Sede administrativa, estúdio e local da produção do Jornal O Trecheiro, que fica no bairro do Brás, onde também acolhe de voluntários provenientes de outros países.  

Depois, acompanhado pelo Pe. Arlindo Pereira Dias, Coordenador do projeto e do Ir. Domingos Grodda, ambos Verbitas, seguiu para a Chapelaria Social, também no Brás, um espaço da Cúria Metropolitana e cedido à Rede Rua há 28 anos, onde funciona um centro de acolhida para banho, bagageiro, corte de cabelo, lavagem de roupa, serviços de assistência social, orientação jurídica e cursos profissionalizantes. Dom Rogério foi acolhido por um grupo de frequentadores da casa e ouviu com atenção as observações e testemunhos de alguns. Todos salientaram o aspecto comunitário do projeto. O senhor Adilson deu início dizendo que “é gratuitamente que a gente entrega o coração para a casa”. O jovem Maicon destacou que “é realmente uma mão amiga, uma direção que nos é dada, para que a gente possa ter um norte, um rumo na vida”. O senhor Waldemi salientou o apoio a seus projetos: “Pela força, pelo apoio das pessoas aqui, eu creio que eu possa melhorar, ter uma melhoria de vida. Mês que vem eu já vou entrar com a minha banca”. Raquel, uma das conviventes de longo tempo afirmou que “A Rede Rua não deixa a gente na calçada. Estamos dentro de casa, nós somos uma família”.  Everton, companheiro de Raquel, destacou que o Papa Francisco afirmou que a fome é criminosa. “Vejo várias pessoas passando fome. Mas Deus põe pessoas boas iguais a vocês que é para ajudar”, concluiu. O sentimento de família é reforçado por Josivaldo: “Eu agradeço muito a Deus porque esta é uma segunda ou terceira família que Deus enviou no meu caminho”.

Depois de ouvir atentamente aos presentes, Dom Rogerio dirigiu as seguintes palavras: “Além do que vocês agradecem pelo que eles fazem, tem uma lição para tirar. Vocês devem sempre se perguntar: por que será que essas pessoas fazem isso? Por que será que eles não estão cuidando de outra coisa? Além do que eles oferecem como ajuda, eles oferecem também esta lição. Ao ver que pessoas se deixam tocar por Deus para amar e ajudar ao próximo, a gente também deve aprender isso”.

Às 10h30, Dom Rogerio chegou à quadra dos Bancários, na Rua Tabatinguera, para acompanhar a distribuição de 1100 marmitas no projeto “Alimentar Direitos”, iniciado em agosto de 2020, devido a pandemia da COVID 19, em parceria entre a Rede Rua, o Sindicato dos Bancários e o Projeto Cozinha Cidadã, da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de São Paulo. Além da distribuição diária, a equipe de funcionários, religiosas (os), voluntários entidades parceiras realizam atividades de distribuição de roupas, corte de cabelo, assistência jurídica e momentos de espiritualidade nos finais da semana. Antes da distribuição de alimentos, Pe. Arlindo acolheu o bispo e recordou aos presentes que “Nós como Igreja gostaríamos que cada um tivesse o seu trabalho, a sua casa. Estamos vivendo um ano de eleições, é um ano importante, da gente pensar e escolher pessoas que nos ajudem a construir um Brasil onde um dia ninguém passe fome. Essa é a vontade de Deus. Deus é Pai e quer que todos os seus filhos sejam felizes e vivam bem”. Dom Rogério convidou a todos para um momento de oração, agradecendo o serviço da equipe e do voluntariado, destacando: “é com o amor que eles fazem e o amor vem de Deus. É a Deus que a gente tem que agradecer também.”

Após a oração almoçou junto com todos e participou de um bate papo com a equipe. Foi uma visita com um pastor que quer acompanhar e apoiar de perto o seu rebanho.

(A reportagem completa com os testemunhos e depoimentos de alguns dos atendidos pelo projeto poderão ser lidos na página da Região Sé – www.regiaose.org.br)

Depois dirigiu uma mensagem a todas as pessoas que vivem pelas ruas do centro da cidade: “Queria dizer que os moradores de rua têm um mistério que envolve a vida deles, porque todo ser humano é um mistério. Por trás de cada ser humano tem uma história e seguramente tem muito sofrimento. Talvez a gente não tenha conhecido ainda o sofrimento que estas pessoas trazem no coração e porque estão na rua. Às vezes as causas são sociais, econômicas e em muitos casos são existenciais. São pessoas que parecem que perderam o rumo da vida. Alguns deles manifestam que não querem sair da rua. Outros tantos estão ali por problemas sociais. Para cada um deles eu digo que a Igreja e cada um de nós voluntários, desejamos conhecer um pouco mais desse mistério que faz com que esta realidade seja tão cruel, de um ser humano vivendo sem um teto, sem um lugar que ele possa dizer que é a sua casa. A minha palavra para os voluntários, para os funcionários da Rede Rua, para os religiosos que estão nesta iniciativa só pode ser o desejo de que Deus abençoe, como de fato tem abençoado, mas que além de abençoar o trabalho, abençoe também as pessoas que têm feito este trabalho, que conforte nas suas dificuldades, que anime na sua vida para que eles sintam cada vez mais, que o que eles fazem, na verdade é o grande tempero do qual o mundo precisa. Como dizia Jesus a consciência de que eles são sal da terra e luz do mundo”.

Dom Rogerio acompanhou com atenção a distribuição das marmitas, participou de um momento de oração e bate papo com a equipe de serviço e ainda saboreou junto a refeição, que muitas vezes é a única para vários dos frequentadores. Foi uma visita com sabor de um pastor que quer acompanhar e apoiar de perto o seu rebanho.

Ele conheceu a sede administrativa da Rede Rua e visitou os Projetos: Chapelaria Social e Alimentar Direitos ouvindo os conviventes e deixando uma mensagem para população em situação de rua, funcionários e voluntários.

Informações: Pe. Arlindo Pereira Dias, SVD

Fotos: Rinaldo Santos