‘Sínodo não vai fazer uma simples avaliação sociológica sobre o tema em pauta’, diz Cardeal Sherer

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<p>Paulinas Livrarias promove manhã de estudos sobre o Sínodo com presença de Dom Odilo</p>
Publicado em: 24/09/2014 - 10:15
Créditos: Edição nº 3020 do Jornal O SÃO PAULO – página 24

O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, é membro ordinário do Conselho do Sínodo dos Bispos e, portanto, participará da III Assembleia Geral Extraordinária que acontecerá de 5 a 19 de outubro, com o tema: “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

Sobre este tema, foi realizada uma manhã de estudos promovida pela Paulinas Livraria, na Vila Mariana, em parceria com Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo, no sábado, 20 de setembro. O encontro foi assessorado por Dom Odilo e pelo Padre Denilson Geraldo, Doutor em Direito Canônico e coordenador da graduação em Teologia da PUC-SP, a partir do Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho) do Sínodo.

O Cardeal explicou o que é o Sínodo dos Bispos enquanto organismo da Igreja instituído pelo Papa Paulo VI em 1965, no final do Concílio Vaticano II, e destacou seu caráter consultivo, ou seja, o Papa convoca os bispos para refletirem sobre determinado tema, os ouve e, a partir das propostas, dá suas orientações para Igreja por meio de uma exortação apostólica pós-sinodal.

No caso dessa assembleia extraordinária, o arcebispo salientou que, como o próprio enunciado do tema diz, o foco principal do encontro é a evangelização diante dos desafios atuais da família. “A questão de fundo é a evangelização: como levar a Boa-Nova de Jesus Cristo e da Igreja às pessoas que vivem esses desafios? Os problemas enfrentados pela família são antigos e novos, e o Sínodo não vai fazer uma simples avaliação sociológica sobre o tema em pauta”.

Dom Odilo também acrescentou que a própria Igreja se questiona: “Diante das questões enfrentadas pela família o que vamos fazer? Qual será nossa atitude para ser coerente com a de Cristo, o bom pastor, que ‘veio buscar e salvar o que estava perdido’? Ou que ensinou: ‘não são os sadios que precisam de médico, mas os doentes’?”.

Padre Denilson explicou que o Documento é dividido em três partes e seu conteúdo é uma síntese das respostas do questionário enviado a todas as dioceses do mundo no fim do ano passado. De acordo com o Professor, “o documento não é uma reflexão aprofundada sobre algum dos temas das 38 questões enviadas, mas, enquanto instrumento de trabalho, levanta especulações” sobre as respostas colhidas.

Entre os assuntos apresentados no Texto, foi constatado nas respostas do questionário um desejo de conhecer melhor os temas bíblicos e pronunciamentos do Magistério da Igreja a respeito da família. “E onde a doutrina é conhecida, surge o problema da não aceitação”, destacou o Padre, indicando o grande desafio da Pastoral Familiar.

O Professor ressaltou, ainda, que o Documento indica que o grande problema pastoral de hoje é o fato de a família ter sido transformada em um tema somente religioso. “Este é um assunto de interesse humano. Por meio da família, podemos abrir um grande canal de diálogo com a sociedade […]. Transformamos a família em um assunto privado, que diz respeito somente ao casal. Mas os problemas da família incidem na sociedade”.

O Cardeal Scherer explicou, ainda, que não estão previstos documentos finais ao termino da assembleia extraordinária, uma vez que essa será somente a primeira etapa de um percurso que se concluirá em 2015, quando, de 4 a 25 de outubro, se realizará o XIV Sínodo Geral Ordinário.

Fernando Geronazzo