Relatório sintetiza principais assuntos debatidos por padres sinodais

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<p>Fique por dentro da primeira parte do relatório do Sínodo</p>
Publicado em: 15/10/2014 - 10:00
Créditos: Edição nº 3023 do Jornal O SÃO PAULO – página 12-13

“Encontrar caminhos de verdade e misericórdia para todos” segundo uma abordagem que permita apreciar mais “os valores positivos do que os limites e carências”. Este é o objetivo do Sínodo dos Bispos, segundo o relator-geral, Cardeal Peter Erdö, ao apresentar o Relatio post disceptationem na segunda-feira, 13 de outubro. Trata-se de um documento de trabalho que resume as intervenções e o debate da primeira semana do Sínodo, que agora continua seus debates em círculos menores.

Na primeira das três partes do Relatório, é apresentado um olhar sobre o contexto e os desafios da família nos âmbitos sociocultural, religioso e afetivo, tais como:

  • Realidades como o individualismo e a solidão, decorrentes das mudanças antropológicas e culturais, que requerem “uma abordagem analítica e diversificada, capaz de compreender as formas positivas de liberdade individual”.
  • Problemas como a precarização do trabalho e os altos impostos, considerados “um peso”, que muitas vezes não incentiva os jovens para o casamento.
  • Desafios particulares decorrentes de contexto culturais e religiosos, como a prática da poligamia em sociedades africanas, ou o matrimonio misto em países onde o catolicismo é minoria religiosa.
  • O crescimento da prática da coabitação antes do Matrimônio, e, em muitos casos, não havendo o interesse de um vínculo institucional.
  • Os debates do Sínodo também trouxeram à tona a preocupação pastoral com as muitas crianças que nascem fora do casamento e crescem com apenas um dos pais ou em um “contexto de família alargada ou reconstituída”.
  • Sobre o crescente número de divórcios, o Relatório frisa que não é incomum  que muitos casais tomem essa decisão “unicamente por fatores econômicos”. Sem contar quando as crianças são objeto de disputa entre os pais, sendo “as verdadeiras vítimas de dificuldades familiares”.
  • As condições das mulheres vítimas das muitas situações de violência no seio das famílias, ou mesmo a violência causada pela guerra, terrorismo ou crime organizado, também são constatados pelo Relatório como realidades em que se encontram famílias deterioradas.
  • A falta de maturidade afetiva é um desafio real para o crescimento dos casais. “Muitos são aqueles que tendem a permanecer nas primeiras fases da vida emocional e sexual. A crise do casal desestabiliza a família e pode levar à separação e ao divórcio a ter graves consequências para adultos, para crianças e para sociedade, enfraquecendo os laços individuais e sociais”.

Diante desse contexto, o Relatório afirma que “acolher as pessoas com a sua existência concreta, aprender a apoiar essa busca, incentivar o desejo de Deus e um desejo de se sentir totalmente parte da Igreja, mesmo aqueles que experimentaram falha ou é nas mais diversas situações”, e ainda acrescenta que “isto requer que a doutrina da fé, conhecida mais e mais em seus conteúdos fundamentais, seja proposta junto com a misericórdia”.

Fernando Geronazzo